Ref.: Quem pode dizer `não!´ Jovem ainda, tinha meus quatorze anos, aos sábados, acompanhava um grande amigo de infância, adventista, ao culto. Esse amigo e sua família sempre me foram um exemplo, mas não é este o caso e sim um dos sermões que o pastor proferiu em um desses cultos. A certa altura do sermão, dizia o pastor: "Ser homem, ser correto, não é dizer SIM quando todos dizem sim, nem dizer NÃO, quando todos dizem não. Ser homem, ser correto, é ter coragem de defender suas certezas e dizer SIM, quando todos dizem não e dizer NÃO, quando todos dizem sim!". Só para contextualizar, isto nos anos 70, na cidade de Santos, pois sou de 1960, então, se o pastor quisesse "proteger" o seu rebanho, pregaria que deveriam se curvar ao status quo da época, no entanto, senti ali, a coragem de um líder que percebia a realidade de uma DITADURA que impunha ao povo uma regra geral de supressão de direitos civis e sociais. Muitos se colocaram frontalmente contrários ao REGIME e, muitos desses muitos disseram NÃO as arbitrariedades; aos desaparecimentos de contestadores do regime militar e a supressão dos direitos do cidadão. Acho que não preciso citar nomes para que identifiquemos alguns desses personagens que tiveram a coragem de dizer NÃO! Sendo assim, faço esta introdução com a dualidade de afirmar e contestar, ao mesmo tempo, o preconceito que muitos exercem sobre o novo; sobre o desenvolvimento e sobre o imperceptível. É muito fácil contestar as ações do Governo Federal, no caso, não por coincidência, seu cargo maior, o de Presidenta, como forma de se afirmar diante dos desmandos governamentais históricos em nosso País. Talvez seja IMPERCEPTÍVEL aos acostumados com as "regras do jogo" vigentes em nossa Nação até este governo que, diga-se de passagem, não é de um só Partido Político e sim, como regra básica da DEMOCRACIA, é da maioria da população brasileira. Estamos presenciando uma mudança de paradigmas HISTÓRICA. Desde que vim a este mundo, não encontrei em meu País as oportunidades que muitos de meus amigos que se transferiram (emigraram) para outros países desenvolvidos encontraram e conquistaram, consolidando uma vida próspera e segura. PRÓSPERA, pois as possibilidades de sucesso de suas empreitadas e empreendimentos são mais consistentes e SEGURAS, pois, a partir de uma conquista social, vivenciam uma estabilidade social e financeira que lhes possibilitaram criar seus filhos com dignidade, tranquilidade e principalmente continuidade das regras do jogo. Nossa geração encontrou, pós governo militar, um País destroçado por ingerências de oligarquias colonialistas que nos condenaram ao atraso e aos desníveis sociais, onde, pelo muito que presenciei e aprendi em faculdades, é dominado desde o Império, por famílias herdeiras das colônias hereditárias e aristocratas que adquiriram poder em vários dos ciclos de enriquecimento econômico gerados pelas produções agrícolas - cana de açúcar e café - e pela pouca industrialização que por períodos de crescimento pulularam em nosso País. Essas ELITES, preocupadas em se perpetuarem no PODER, criaram um ambiente propício aos oportunistas que aprendendo as regras de um jogo marcado, conquistam o poder político com a simples finalidade de SAQUEAREM a Nação e contingenciar todo um aparato político-partidário que só precisa da presença da população no dia da eleição. Passada esta, voltam-se para seu interesses particulares e partidários, colocando as necessidades da população, quando muito, em segundo plano. Neste momento, HISTÓRICO, estamos dizendo NÃO! Estamos dizendo NÃO não ao capitalismo, mas aos rentistas que preferem sugar seus dividendos (juros) de uma Nação que precisa investir e reinvestir seus recursos para melhorar a DISTRIBUIÇÃO DE RENDA a seus habitantes, ricos ou pobres, dando-lhes (a nós todos) oportunidades de RENDA e TRABALHO e consolidando essas oportunidades com estabilidade e segurança. Para isto é necessário BAIXAR OS JUROS e dizer NÃO aos banqueiros inconsequentes e insensíveis aos novos tempos; é preciso dizer NÃO as arbitrariedades de governantes, exemplo o do Estado de São Paulo, que desalojam CINCO MIL FAMÍLIAS no Pinheirinho em São José dos Campos sem lhes permitir uma defesa contra especuladores e grileiros que nunca souberam dar destino produtivo às terras que supostamente seriam de seu domínio - Há fortes indícios da manipulação de dados quanto a origem dos documentos que comprovariam a TITULARIDADE das terras em litígio - e as jogam em acampamentos que mais se parecem com campos de concentração, tamanha a falta de infra-estrutura para dar-lhes a dignidade de se recolocarem (e aonde e de que forma?) em outras moradias. Pois bem, estamos dizendo NÃO e temos coragem para isto, mas o nosso NÃO é contra "Os Cachoeiras" que dominam Estados inteiros sob vistas grossas de um poder público relutante em perder o poder; estamos dizendo NÃO a usurários que preferem ordenhar o rebanho, sem lhes alimentar adequadamente, mesmo que isso o mate; Estamos dizendo NÃO a todo tipo de desgoverno que se recuse a perceber os NOVOS TEMPOS, tempo de informação instantânea e quem decide é o ELEITOR e não mais o elegido (quando este não cumpre com os compromissos de campanha); estamos dizendo NÃO a tudo que é velho - não confundir com antigo - e retrogrado e, entre outras coisas, estamos dizendo NÃO ao PRECONCEITO e a ARBITRARIEDADE! Também é o momento de dizer SIM! SIM aos novos tempos; às oportunidades para todos; à distribuição de renda e aos direitos dos cidadãos, pobres e ricos. Wagner Aparecido Nogueira wagner_nog@yahoo.com.br Ubatuba, SP
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