21/08/2025  02h13
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Crônicas
18/05/2012 - 15h13
Não é a mamãe
Maurício Fregonesi Falleiros
 

O Heubler e a Eustáquia estavam casados há muitos anos. E eram felizes. Mas, como todo casal, viviam brigando. O motivo era sempre o mesmo: a mania do marido em comparar o jeito da sua mulher fazer as coisas com o jeito que a sua mãe fazia.

Ele até gostava da maneira que a Eustáquia cuidava da casa, mas gostava mais do estilo da mãe. E como era um cara sincero, falava isso abertamente. Sua mulher ficava louca, mas pelo bem do casamento acabava se acalmando e aprendendo a fazer cada uma das tarefas do mesmíssimo jeito que a sogra.

Com o passar do tempo, a Eustáquia já estava craque em realizar todas as atividades domésticas seguindo os gostos do marido. Todas, tirando a comida. E nesse quesito a história era ainda pior.

Por mais que tentasse, a mulher não conseguia copiar a sogra na hora de ir para o fogão. Até curso de culinária ela fez, e nada. E o marido chiando.

Depois de certo tempo, aquilo virou prioridade para a Eustáquia. Era questão de honra aprender a cozinhar igual à mãe do Heubler. Tanto que ela roubou o livro de receitas da sogra e passou noites estudando.

Quando sentiu que estava realmente preparada, chamou o marido e o intimou:

- Amanhã no almoço vou fazer seu prato preferido.

- Rocambole de carne?

- É. Idêntico ao da sua mãe. Assim você vai parar de me encher com as suas comparações! Ou eu não me chamo Eustáquia.

A pressão foi tão grande que o Heubler não pregou o olho aquela noite.

No dia seguinte os dois almoçaram em total silêncio. O clima era de tensão. Mesmo assim o Heubler se esbaldou. Estava estampado na cara dele que a comida estava deliciosa. Após o cafezinho, a Eustáquia colocou o marido contra a parede:

- E aí? O meu rocambole não está idêntico ao da sua mãe?

Ele respirou fundo antes de dar a resposta. Sabia da importância daquele momento.

- Sim, amor. Eu admito. Igualzinho ao da mamãe. Sem tirar nem por.

Ela jogou os braços para o céu e exclamou:

- Aleluia! Finalmente vou poder viver sem o fantasma da sua mãe e...

Antes que a Eustáquia pudesse terminar a frase, o Heubler emendou:

- É, mas ainda está bem longe do rocambole que a minha vó fazia quando eu era criança.


Nota do Editor: Maurício Fregonesi Falleiros mantém o blog Vício Crônico (viciocronico.wordpress.com).

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "CRÔNICAS"Índice das publicações sobre "CRÔNICAS"
31/12/2022 - 07h23 Enfim, `Arteado´!
30/12/2022 - 05h37 É pracabá
29/12/2022 - 06h33 Onde nascem os meus monstros
28/12/2022 - 06h39 Um Natal adulto
27/12/2022 - 07h36 Holy Night
26/12/2022 - 07h44 A vitória da Argentina
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.