- Olá. - Olá - respondi e procurei de onde vinha aquela vozinha que chegava aos meus ouvidos. - Olhe para o seu ombro esquerdo, estou pousada nele. - Ah, és uma borboleta de asas coloridas, por sinal muita bonita; diria encantadora. - Quero conversar com você - disse-me. - Não posso, você tá com cara de quem anda meio pra baixo e eu estou feliz e alegre, você pode me contaminar além do mais eu tenho um pequeno defeito, na minha alegria me torno egoísta, só sei repartir tristeza. - Que coisa! Por quê? Quero um pouco de sua alegria. - Não dou. - Vá lá, confessa, essa sua alegria não me diz respeito? - Não. Ela é de quem sorriu hoje de manhã para mim e me fez sentir que este hoje é diferente do ontem. - Que peninha... Eu, com esta minha alma de borboleta e travestida dela, não terei o meu hoje diferente? - Não. É só meu, como é só meu o sol que está brilhando, a noite que vai chegar, as estrelas que vão piscar, enquanto o meu coração continuará a pulsar por uma voz que não é a sua, que do outro lado do fio declarou-me: foi tão agradável falar com você...
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