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Opinião
23/05/2012 - 17h06
Entre o progresso e a barbárie
Vander Morales
 

A revolução no sistema produtivo nas duas últimas décadas, por conta de extraordinários avanços tecnológicos, comprimiu a execução tradicional do trabalho humano, diminuindo sensivelmente seu espaço nas áreas administrativas e no chão de fábrica. Fluxos das atividades laborais foram substituídos por processos de tecnologia da informação. Na década de 90, 2,5 milhões de empregos formais foram extintos somente nos Estados Unidos, substituídos pelo uso de máquinas na gestão.

O encolhimento do emprego continua, agora sob a moldura da crise financeira internacional. Os níveis de desemprego se expandem nos Estados Unidos e na Europa, cujas economias em descalabro apontam para uma situação caótica que pode superar a débâcle de 1929. Grécia, por exemplo, acaba de bater um novo recorde elevando sua taxa de desemprego a 21,8% da população em janeiro último.

O desafio é de monta: até 2020, para inserir os contingentes desempregados e incorporar milhões de jovens que se habilitam ao mercado de trabalho, a economia mundial terá de criar 600 milhões de postos de trabalho. Essa é a estimativa da Organização Mundial do Trabalho (OIT). O número global de desempregados é assustador. A taxa de 13%, em um curto espaço de tempo, deixou quase 200 milhões de pessoas desempregadas nos últimos cinco anos.

Na contramão do infortúnio, o Brasil navega à margem da crise mundial. O País, mesmo sob a sombra da desaceleração econômica e da desindustrialização, de certo modo avança. No ano passado, o mercado de trabalho viveu seu melhor momento em nove anos. A taxa média anual de desemprego, segundo o IBGE, atingiu o menor nível desde 2002: 6%.

Neste cenário, a terceirização, que ainda provoca sentimentos negativos em núcleos de pensamento retrógrado, constitui alternativa possível para manutenção de níveis positivos da empregabilidade, apesar do conceito equivocado que paira sobre o setor, com constantes acusações por ignorância ou má-fé, de ser precarizador das relações de trabalho. Controles falhos e ambientes propícios ao não cumprimento dos direitos trabalhistas existem em todos os setores, não sendo portanto a terceirização a grande causadora isolada dos males trabalhistas no Brasil.

Entre 2010 e 2011 mais de 10 milhões de trabalhadores foram contratados por prestadoras de serviços a terceiros, o que resultou em mais de R$ 5 bilhões recolhidos para o pagamento de encargos sociais como FGTS e INSS. Diante da mobilização pelo fim da atividade ouso questionar as autoridades: o Brasil teria capacidade para absorver o contingente de trabalhadores formais hoje empregados pela terceirização? Antecipo-me em afirmar que não.

Dispomos de um dos mais altos índices de informalidade empresarial, correspondente a 17% do PIB. A média internacional é 10%. Terceirização significa novas perspectivas de trabalho, fonte de geração de empregos diretos e indiretos, resgatando a população da informalidade e contribuindo para o crescimento da economia.

Convivemos com a falta de mão de obra qualificada, herança da estagnação econômica vivenciada nas décadas de 80 e 90 que provocou o déficit na qualidade na educação básica. Nenhuma nação pode ascender ao ranking das grandes potências sem suprir a escassez de capital humano.

Então, por que não utilizar o imenso potencial de recursos humanos qualificados existente nas frentes da terceirização? Este setor é hoje sinônimo de especialização e de formação de mão obra para atender às novas exigências dos sistemas produtivos.

A prestação de serviços constitui recurso estratégico indispensável à modernização e ao desenvolvimento empresarial. Ampara-se no princípio da parceria, que requer confiança entre partes envolvidas, transparência e preservação de princípios éticos.

Empresas prestadoras de serviços são trigo. Sérias, responsáveis e cumpridoras de seus deveres, não podem ser misturadas ao joio. Seus funcionários têm registro em carteira e todos os direitos trabalhistas e previdenciários preservados. É inadmissível que pressões corporativistas procurem “queimar” este setor, tão fundamental para a estabilidade do mercado de trabalho.

A terceirização abre e amplia novos horizontes econômicos. Precisa, apenas, ter sua lei própria. Hoje, está sujeita às mais exóticas interpretações por parte de figurantes que teimam em conservar o baú do passado. Queremos competir em um mercado livre e concorrer com empresas nacionais e estrangeiras, sob o escudo de regras igualitárias.

A hora é agora. O Brasil precisa escolher entre permanecer na vanguarda do atraso ou seguir em frente. Escolher entre o progresso e a barbárie.


Nota do Editor: Vander Morales é presidente da Federação Nacional dos Sindicatos das Empresas de Recursos Humanos, Trabalho Temporário e Terceirizado (Fenaserhtt) e do Sindicato das Empresas de Prestação de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário do Estado de São Paulo (Sindeprestem).

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