A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 10% das pessoas sofrem de algum distúrbio de oscilação de humor, com diferentes graus de prejuízos na vida profissional e pessoal. Dentro deste universo estão os que sofrem de transtorno bipolar. Ao longo dos anos, cada estudo que tentou dimensionar a parcela da população mundial com a doença, encontrou um número maior que o anterior: o 1% em 1980 seria hoje, pelas estimativas menos alarmistas, 3,5%.

O Transtorno Bipolar (TB) é um distúrbio psiquiátrico caracterizado por alternar episódio de depressão e mania (euforia/expansividade). “A pessoa também pode ter sintomas dos dois polos ao mesmo tempo, intercalados com humor estável”, explica o psiquiatra do Hospital Nossa Senhora das Graças, Augusto Canto.

A doença também pode ser caracterizada pelas suas tipologias, como explica o psiquiatra. “No Transtorno Bipolar tipo I a pessoa pode apresentar quadros de depressão, mania ou mistos. E no Transtorno Bipolar tipo II a pessoa apresenta quadros de depressão alternados com quadros de hipomania”.

Já quando o corre a depressão, segundo o Dr. Canto o paciente apresenta alguns sintomas, como: tristeza, melancolia, ou pode ser irritável, disfórico, com baixa tolerância a frustrações do dia a dia. “A pessoa também pode apresentar pessimismo, desesperança, ansiedade, angústia, apatia, perda do prazer em atividades antes prazerosas e perda de energia quanto agitação psicomotora”, exemplifica o psiquiatra.

Em alguns casos, o pensamento da pessoa bipolar, torna-se lento e com diminuição da memória, concentração e atenção. “Em casos graves a pessoa pode apresentar delírios de ruína, culpa, hipocondria e concepção suicida. A pessoa deprimida também pode apresentar queixas somáticas, sendo alterações do sono (insônia ou hipersônia) e apetite (diminuição ou aumento) as mais comuns”, enfatiza.

Sinais da doença

As dores em geral, também podem ser sinal da doença. “Os sintomas físicos de ansiedade, como: taquicardia, tremores, sudorese, aumento da frequência urinária e diminuição da libido devem ser observados”, orienta o médico.

Já os episódios de mania apresentam-se com humor expansivo, eufórico ou irritados. “A maioria dos pacientes maníacos apresentam grandiosidade, fuga de ideias, além de aceleração do pensamento. Outros sintomas comuns são: diminuição da concentração, distraibilidade, confusão, pressão de discurso, gastos excessivos, aumento de energia para situações de risco, aumento da libido, baixa necessidade de sono, a pessoa dorme de 2 a 4 horas ou não dorme a noite e não se sente cansada no dia seguinte, podendo até sentir-se mais ’elétrica’”, conta o Dr. Canto. Esses pacientes também podem apresentar sintomas psicóticos, como delírios e alucinações.

Os quadros hipomaníacos são caracterizados por sintomas semelhantes aos dos quadros maníacos, exceto pela ausência de sintomas psicóticos e por se apresentarem em níveis de gravidade menores, não causando prejuízo acentuado no funcionamento social ou ocupacional e não exigindo a hospitalização do paciente. “Os quadros mistos são mais complexos, heterogêneos e de difícil diagnóstico. São sintomas das “duas fases”, a pessoa pode ter tanto sintomas maníacos junto com sintomas depressivos, por exemplo: ela pode ter tristeza, dores pelo corpo, ansiedade e agitada”, esclarece o médico.

Crianças

Atualmente não se questiona mais o diagnóstico de Transtorno Bipolar na infância. Pois a prevalência da doença na infância e adolescência ainda é incerta. “A apresentação em crianças e adolescentes é atípica em relação aos adultos, a maioria das crianças com Transtorno Bipolar apresenta oscilações rápidas do humor e uma frequência maior de estados mistos, o que dificulta a identificação de episódios distintos de depressão e mania, sendo mais característicos em adultos”, explica o Dr. Canto.