Eu tenho desejado me reencontrar com a menina que um dia fui, cheia de expectativas e ilusões. Quero me reencontrar com ela e vê-la orgulhosa da mulher em que ela se tornou. Que ela diga: "Você conseguiu. Você venceu. Provou a si mesma que não precisa da aprovação alheia para se sentir segura. Você adquiriu a certeza de que é digna e merecedora de ser feliz. Descobriu que é mais forte do que todos os obstáculos e do que as pessoas que faziam você se sentir inadequada."

Ah, eu lembro dela e ouço os ecos de seu desejo de viver intensamente, dos sonhos tão calorosos que ela acalentava. Aquela menina, desde pequenina, dizia que seria escritora e tinha a mania de observar e de inventar pequenas histórias. O que ela acharia hoje das histórias que a mulher já publicou pela Internet e em editoras? Será que ela se orgulharia? Ela imaginava que se tornaria a mulher que hoje se vê no espelho, cheia de inseguranças mas que, ao mesmo tempo, quer ter a coragem de enfrentar seu destino e viver a vida de forma plena? Eu olho nos meus olhos e me pergunto se aquela menina ainda habita em mim.

Penso em quantas vezes ela se sentiu incompreendida, por não a levarem a sério, por não considerarem seus sentimentos e quero consolá-la, dizendo-lhe: "Eu sei o que você está sentindo. Você não é uma menina boba, chata e chorona. Você é uma menina inteligente e capaz. Eu tenho certeza disso. Tenha certeza também. Eu me orgulho de você."

Às vezes, ela queria ser como os outros para que parassem de rir dela e de rejeitá-la e criticá-la. Então, eu lhe diria: "Você é corajosa, porque é como é. Você não deve ser como ninguém."

Se eu me reencontrar com ela um dia, que ela diga: "Nós duas vencemos, não foi? Descobrimos que temos valor e que não somos inadequadas a esse mundo. Eu me orgulho de você e de ser como sou. Eu amo você."

Reencontrando a menina, espero ter a coragem de dizer: "Eu amo você. Você é superespecial, por ser como é."