Tornou-se corriqueiro o noticiário de evasão escolar e - o pior - da agressão a professores, coisa impensável tempos atrás. O senso comum é de que a escola brasileira está em crise. Alunos desmotivados, professores encurralados e os governos vomitando propaganda de que investem em educação. Temos de verificar se esses investimentos estão direcionados no rumo certo ou apenas cumprem a Lei Calmon, que obriga a aplicação na área de 25% da arrecadação geral. Há casos de prédios modernos com equipamentos deficientes e pessoal de fraca qualificação, outros de professores capazes sem a menor infraestrutura e, ainda, de alunos que não se deram conta da razão para se freqüentar a escola. A massificação de vagas, sem qualquer dúvida, é uma das razões para o desencontro. Durante anos abriu-se milhares ou milhões de vagas, mas não se cuidou de formar e instrumentalizar professores para ministrar suas aulas. A modernidade tecnológica demora a chegar à escola, principalmente à escola pública. Dessa forma, o aluno, não tem atrativos para comparecer às aulas, que se tornam enfadonhas e muito menos interessantes do que a televisão, a internet e o videogame, hoje disponíveis até no boteco da esquina. Some-se a toda a pobreza do meio, a má remuneração dos professores, obrigados a jornadas extenuantes em dois ou três períodos para, com a soma desse esforço, poderem pagar suas contas. Trabalhando tanto assim, eles não têm como se reciclar e, fatalmente, também se tornam obsoletos. A escola particular é exemplo de que o investimento e o treinamento de pessoal dão bons rendimentos, mas ela é exceção, pois a grande maioria da população não tem como pagar suas mensalidades e depende do ensino público que, segundo a Constituição, é direito do cidadão e dever do Estado. Um dever pessimamente cumprido, pois se aplica um quarto de todos os impostos arrecadados e, mesmo assim, a escola é precária. O país chegou a uma grande encruzilhada. Seu desenvolvimento econômico e tecnológico abre vagas no mercado de trabalho, mas não existem brasileiros com formação e capacidade para ocupar esses postos. O jeito é buscar profissionais no mercado externo, com todos os problemas que essa ação pode trazer. Acabamos gerando oportunidades de emprego no exterior, enquanto nossos nacionais continuam desempregados. É, acima de tudo, patriótico, lutarmos por uma reforma ampla, geral e irrestrita na área da Educação. Governo e sociedade precisam unir esforços para tornar a escola brasileira capaz de qualificar os alunos para o mercado de trabalho. E toda a força de comunicação tem de, necessariamente, voltar-se para conscientizar o povo quanto à utilidade da educação e do ensino para o encaminhamento da vida pessoal, profissional e econômica de cada indivíduo. Há que se criar a crença de que, sem a freqüência e o bom aproveitamento escolar, o indivíduo não irá a lugar algum. A Educação precisa deixar de ser discurso político e tornar-se ação concreta e duradoura, pelo bem de todos nós... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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