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Opinião
19/06/2012 - 07h14
A criminosa indústria do concurso público
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

No mesmo modelo que meses atrás denunciou a corrupção nas licitações dos hospitais públicos, a televisão expôs, no domingo, a fraude nos concursos públicos. Prefeitos, vereadores e empresas inidôneas restaram flagrados quebrando a gênese do concurso, que é a escolha impessoal e a busca do melhor candidato para cada vaga ofertada. Além de contratar apadrinhados, muitas vezes despreparados, o esquema ainda enseja a corrupção nas empresas concurseiras e seus agentes. Todos foram filmados por repórteres que se faziam passar por funcionários de prefeituras e câmaras interessados em contratar um concurso e “fazer passar” supostos protegidos.

Fica claro que, além do tráfico de influência, estão em operação verdadeiras quadrilhas que cometem crime contra a administração pública, impedindo-a de contratar o melhor, e contra os candidatos, que se preparam e investem tempo e dinheiro para o certame, sem saber que tudo não passa de uma farsa, pois os donos das vagas já foram antecipadamente escolhidos. O esquema agora é escancarado pela televisão, mas as desconfianças e até denúncias de fraudes em concurso público são antigas. Os concursos são tão desacreditados que se costuma dizer só terem condições de vencer aqueles que têm QI (Quem Indica).

Afora a safadeza de aprovar os apaniguados em prejuízo da grande maioria que luta pelas vagas, os concursos ainda têm outra incômoda característica. Tornaram-se uma indústria, onde dezenas, centenas ou até milhares de pessoas se inscrevem para uma vaga e pagam elevada taxa de participação. Essa cobrança constitui grande fonte de renda para empresas concurseiras, muitas delas duvidosas, como a reportagem da TV mostrou. Mas, mesmo aquelas que não fazem falcatrua, acabam se transformando num rio de dinheiro, algo inaceitável num país que procura a melhor distribuição de renda e a justiça social.

Para ser mais justo, os concursos deveriam ser custeados pelas repartições que oferecem as vagas, sem qualquer ônus para quem vai fazer as provas. A empregadora faria esse investimento em busca da seleção dos melhores concorrentes para os postos de trabalho oferecido. O candidato investiria apenas no próprio preparo para enfrentar a disputa e a sociedade lucraria com isso, escolhendo o melhor através de certames mais confiáveis e fechando mais uma porta de possíveis esquemas de corrupção ou favorecimento ilícito. Poderia, com isso, até acabar com parte dos escandalosos esquemas de enriquecimento ilícito ou financiamento fraudulento de campanhas eleitorais.

Espera-se que as muitas ações que o Ministério Público promove em todo o país sobre fraude em concursos resultem em condenação dos envolvidos. E que algo de concreto seja feito para eliminar a nefasta indústria de concursos. O povo que procura arduamente pela sua oportunidade de trabalho e renda não pode continuar sustentando esse voraz, impiedoso e até criminoso esquema...


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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