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Opinião
25/06/2012 - 11h19
O poliamor: amar sem exclusividade
Breno Rosostolato
 

As relações afetivo-sexuais estão mudando significativamente em épocas contemporâneas. Novas maneiras de encarar o sexo e o próprio prazer são praticadas sem a crueldade da culpa. Os rearranjos conjugais, crise na família e do casamento, possibilitam formas inovadoras das pessoas sentirem-se bem e cultivarem um erotismo que lhes permitam ter sensações e experiências que as relações convencionais não contemplavam. Agreguem a isso a questão da monogamia, que não é uma notoriedade nas relações amorosas, embora este modelo hegemônico ainda persista entre as pessoas e os vínculos afetivos e sexuais se estabeleçam cultivando o tradicionalismo e o conservadorismo social.

A quebra de paradigmas acontece quando, mesmo diante do tradicionalismo, os casais monogâmicos precisam de artifícios e instrumentos que apimentem a relação. Isso porque compreendem que o prazer não deve ser limitado e revela a necessidade de transgredir certos moralismos que de nada ajudam. Os sex shops tornaram-se uma opção tentadora para estes casais que se permitem atingir um nível maior na relação.

Diante deste panorama, o swing pede licença para apresentar-se como uma escolha de muitas pessoas para se relacionarem, seja na troca de parceiros entre dois ou mais casais. É o fim da monotonia do casamento, é a possibilidade da variedade sexual.

Você pode questionar à vontade esta prática, inclinado em suas convicções, mas não podemos negar que isso não é uma tendência, mas uma alternativa que muitos casais encontraram de fortalecer suas relações, dar vazão ao despudor, assumindo sua liberdade sexual. E assim deve ser compreendida. Inclusive, o número de adeptos só vem crescendo no mundo todo. É a quebra de tabus sexuais. E se você não concorda com os “swingers”, há de concordar que o sexo é importante numa relação amorosa e é necessário incrementar, algumas vezes inventar e assim, manter a labareda do sexo sempre acesa. Algumas pessoas enxergam e escolhem caminhos não muito comuns socialmente. Outra prática não muito conhecida é o poliamor, em que o propósito é vivenciar o sexo e o amor multiplicados.

O poliamor, assim como o swing, é compreendido por seus adeptos quase como um estilo de vida. Consiste em negar a monogamia e adotar um envolvimento responsável e íntimo com várias pessoas, simultaneamente. Relação que pode ser duradoura ou não. A liberdade e a autonomia são sustentações para este estilo de vida, que pressupõe sinceridade e honestidade na relação. A infidelidade sofre também uma transformação, pois é percebida como algo irreal e irracional, uma vez que, os poliamoristas não se sentem ameaçados pelo ciúme e não partilham de sentimentos de posse ou exclusividade. O principal argumento é que existe vínculo afetivo, em que o amor é dividido por todos que participam da relação. Aceito e assumido, a intenção não é enganar ou trair o outro. Todos devem saber a presença de outros nesta relação. O consentimento é natural.

Roberto Freire, psicoterapeuta e escritor, era um adepto do amor libertário. Um defensor convicto da liberdade nas relações amorosas e práticas sexuais. “No amor, jamais nos deixamos completar. Somos, um para o outro, deliciosamente desnecessários”. Frase que ilustra bem o pensamento do escritor, revelando uma filosofia poliamorista. Cada relação estabelecida seria compensada por outra, ou seja, uma relação amorosa é estabelecida de acordo com as necessidades do momento. Se você quiser ir ao cinema assistir determinado filme e seu parceiro não quiser, vá com outra pessoa e aproveite o momento como um casal. Um argumento dos poliamoristas é que o ser humano é mais fiel a seus desejos e vontades do que a uma pessoa, portanto, o modelo monogâmico não funcionaria. A compersão é o oposto do ciúme, ou seja, ver o parceiro se relacionando com outras pessoas lhe causa prazer e satisfação. Raul Seixas, já dizia, “o ciúme é só vaidade”. A frase mencionada compõe a letra da música “A maçã”, que enaltece a autonomia no amor. A propósito, os poliamoristas dão ênfase mais ao amor do que ao sexo.

Fato é que os poliamoristas não querem convencer ninguém a esta prática. Reconheço que é outra maneira de se relacionar com as pessoas e com o mundo. Para tanto é necessário rever conceitos e posicionamentos diante das relações amorosas e de si. Em suma, as pessoas devem escolher a melhor maneira de se relacionar e que seja satisfatório para si. Cada um deve desbravar seus desejos e dar vazão as vontades aprisionadas. Ser feliz não segue regras e não possui padrões. Amar é preciso; viver não é preciso.


Nota do Editor: Breno Rosostolato é professor de Psicologia da Faculdade Santa Marcelina.

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