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Opinião
08/07/2012 - 12h21
O legado da Rio+20 para o setor empresarial
Sidney Ito
 

É inegável o importante papel desempenhado pelo setor privado na perspectiva do desenvolvimento sustentável, como liderança na promoção da assim denominada economia verde. A Rio+20 representa a oportunidade de identificar ações e fatores catalizadores que impulsionem o progresso nesse sentido e de enfrentar os desafios que emergem no novo cenário. Este é o momento de fortalecer a contribuição empresarial no âmbito global, com modelos de gestão responsável e projetos de inovação, a partir da colaboração entre empresas, governos, órgãos reguladores, a sociedade civil e a ONU.

Vale ressaltar que o documento final da Rio+20 é um instrumento político assinado pelos governos e, como tal, seu impacto sobre os negócios será indireto, tal como aconteceu na Eco 92. Claro que tudo depende de se e como os governos honrarão os compromissos, e da percepção dos investidores sobre suas intenções. Mesmo assim, o setor precisa fazer o seu dever de casa, e a tarefa principal é se empenhar em ações que possam ser medidas e divulgadas publicamente nos relatórios de sustentabilidade.

A divulgação da estrutura de governança e do desempenho ambiental e social dos negócios de uma corporação é o grande objetivo do relatório de sustentabilidade. A Rio+20 lança luz sobre a disseminação desta prática e sobre um possível enquadramento político e regulatório global para a emissão do documento, medida que poderá impactar significativamente as empresas. É hora de se esclarecerem dúvidas e de se reconhecer a importância desse relatório, em conjunto com as demais demonstrações financeiras de uma companhia, para medir os resultados do negócio. Um relatório integrado (integrated reporting), que abrange num único documento o relatório de sustentabilidade, o relatório anual e as demonstrações financeiras, permite relacionar o resultado presente, a estrutura de bens, direitos e obrigações existentes, que respaldam as projeções futuras; e os aspectos de governança, sociais e ambientais, que são críticos para a perenidade dos negócios. Esta visão holística do plano estratégico revela prováveis riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade, a saber, às alterações climáticas, à escassez de recursos, aos conflitos sociais e às condições de trabalho, o que envolve também uma avaliação da cadeia de fornecedores.

Hoje, algumas empresas já publicam seus relatórios neste formato. Organismos internacionais têm demonstrado interesse em se alinhar a agências reguladoras de valores mobiliários no mundo e tornar obrigatória a publicação do relatório integrado nos próximos anos. Portanto, é necessário que as companhias superem a noção de desenvolvimento sustentável como meta distante. Os impulsionadores desta mudança incluem instrumentos de regulação, políticas econômicas e fiscais, investimentos em infraestrutura verde, incentivos financeiros, revisão de subsídios, contratos públicos sustentáveis, além da maior exigência do consumidor e dos critérios utilizados por investidores ao aplicar seu capital.

Enfim, a Rio+20 tem grande potencial para redirecionar o processo de desenvolvimento e ser um marco na conscientização do mundo sobre a necessidade de uma economia sustentável. Espera-se que as propostas apresentadas tenham sucesso tanto no curto como no médio e longo prazos e estimulem novos progressos de forma constante. É claro que é preciso traduzir esses objetivos para cada realidade, levando em conta as dificuldades de políticas econômicas locais e das práticas de cada indústria. Mas é certo, também, que todos - inclusive a iniciativa privada - têm a responsabilidade de contribuir para a construção de uma sociedade equilibrada. Inevitavelmente, o progresso será desigual em cada país e setor, mas não pode haver decepções improdutivas, nem retrocessos injustificáveis. Independentemente do resultado final da Rio+20, o compromisso internacional em torno dos temas debatidos na Conferência deverá melhorar o nível de informação e também aumentar a coerência das ações. É notório o valor deste processo de discussão constante, da difusão do conhecimento e do movimento colaborativo para a construção e consolidação de uma sociedade mais responsável, inclusiva e comprometida com a manutenção do equilíbrio que garante a vida em nosso planeta.


Nota do Editor: Sidney Ito é sócio-líder da área de Riscos, Governança e Sustentabilidade da KPMG no Brasil.

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