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Opinião
12/07/2012 - 17h20
A dinamite e o desespero de um pai
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

Ao encontrar explosivos na mochila do filho de 21 anos, o homem, desesperado, muniu-se de uma banana de dinamite, aplicou uma surra no rapaz e o denunciou à polícia. A atitude extrema desse pai, que colocou em risco a própria vida, a do filho e de todos os presentes ao imóvel, dá uma mostra do quadro dramático em que vivem milhares de famílias que, diante da modernidade, se tornaram impotentes para cuidar e encaminhar seus filhos. Desesperados, pais e mães acabam radicalizando a ponto de prender o filho errante em casa, até amarrados com correntes e cadeados, ou chegam ao extremo da agressão como o visto nesta segunda-feira, com o uso da dinamite, em Araraquara (SP).

A preocupação com o encaminhamento das crianças é antiga. O próprio Pelé, - que anos depois só reconheceu a filha por força judicial e teve problemas com o filho - ao comemorar seu milésimo gol, em dezembro de 1969, já advertia que era preciso fazer algo pelas crianças brasileiras. “Pensem no Natal, pensem nas criancinhas” - disse o craque que, 40 anos depois, em 2009, lamentou: "A situação está pior. A educação das crianças não melhorou. Hoje elas batem nos professores”.

Nas últimas quatro ou cinco décadas, vimos o Brasil sair do patamar de país eminentemente agrícola para o de uma avançada e hoje globalizada sociedade industrial. Mas, lamentavelmente, os avanços não foram capazes de contemplar o povo que, apesar da tecnologia disponível, a ela não tem acesso. O país ainda não equacionou a mudança do perfil da população rural para a urbana, e o povo sofre. As famílias vivem o drama de não terem como bem encaminhar seus filhos pois até a autoridade, muitas vezes excessiva no passado, lhe foi tirada pelos equivocados métodos modernos.

O mercado de trabalho que todos um dia terão de enfrentar é cada dia mais exigente e a escola, pelo processo da massificação, revela-se menos preparadora. As amarras estabelecidas pelo ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), como a eliminação do trabalho infantil e juvenil, não cumprem o ciclo na medida em que a sociedade não oferece oportunidade de ensino e qualificação a todos. Aí, no vácuo da oportunidade, surgem os esquemas criminosos, que cooptam e escravizam milhares de jovens e suas famílias.

O encaminhamento e a oportunidade para os jovens, talvez, seja o maior desafio do Brasil contemporâneo. Tudo aquilo que não foi feito a partir do alerta do rei do futebol, está fazendo muita falta. Os governantes, as entidades da sociedade civil e todas as cabeças pensantes deste país precisam, sem perda de tempo, se mobilizar em busca da solução para esse grande problema. Em vez da repressão policial, dos internamentos e das medidas punitivas, é preciso pensar naqueles que ainda não caíram na degradação e salvá-los para, junto com eles, salvar o futuro do próprio país.


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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