A produção industrial brasileira caiu para níveis de cinco anos atrás e, segundo dados do IBGE, deve fechar em queda o ano de 2012. Os economistas estão preocupados porque, mesmo que haja recuperação, ela deverá ser insuficiente para tirar o setor do vermelho. Isso porque os mercados estão abarrotados de produtos em conseqüência da crise que se abate sobre a economia mundial desde 2008 e aqui foi dito que chegaria apenas com “uma marolinha”. Os números estão aí a demonstrar que não é bem assim e o vagalhão ainda poderá nos bater com força. Temos de ficar muito atentos porque vivemos um ano de eleições, ainda que municipais, onde muita verdade pode ser mascarada para não assustar o eleitorado. O parque industrial brasileiro é um dos grandes esteios da economia. É através da transformação que conseguimos agregar valor às matérias-primas e colocá-las no mercado com lucro e efetiva geração de riqueza. Sem indústria, vendemos os insumos a preço vil e pagamos caro pelo produto acabado. Diante do mundo com economia combalida pelo desequilíbrio que levou à bancarrota grandes corporações da sociedade industrializada, restou ao governo brasileiro, como alternativa, incentivar o mercado interno para evitar que a quebradeira aqui chegasse. Isso, no entanto, vem ocorrendo há quatro anos mas, mesmo assim, o nível de atividade econômica entra em declínio. Logo vencerão as isenções temporárias que barateiam produtos industrializados ao consumidor. E o que será feito? Sua simples prorrogação para mais um período será suficiente para esperar a passagem da tormenta? É preciso entender que medidas extraordinárias têm de vigorar em tempo determinado. Até porque, no caso do incentivo ao mercado nacional, a maior parte do movimento foi feito através do crédito e conseqüente endividamento da população, que não possui poupança suficiente para sustentar uma reação dessa magnitude. Logo não será mais possível essa estratégia, pois quem está endividado tem um prazo - que muitas vezes vai a 60 ou até 72 meses - para voltar a poder fazer nova dívida e continuar honrando seus compromissos. Algo muito sério tem de ser feito para evitar a exaustão do mercado. Uma das alternativas é a desoneração fiscal ampla, definitiva e não apenas temporária. O Estado, que pelo modelo atual de economia não investe mais em infraestrutura (porque o faz através de parceiros privados) precisa diminuir seu tamanho e reputar melhor cada centavo do imposto arrecadado. Dessa forma, poderá baixar alíquotas, eliminar contribuições, dar um novo fôlego ao parque produtivo e tornar seus produtos competitivos na pauta de exportações. Endividado como está, o mercado interno será cada dia menos absorvedor da produção e a crise será certa. O Brasil precisa, urgentemente, acabar com a maldita corrupção, a impunidade, as gorduras e o exibicionismo de certos setores, e trabalhar muito - mas muito, mesmo - para que sejamos, efetivamente, o país do futuro. Sem acabar com os desperdícios, jamais chegaremos lá... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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