Avenida Lix da Cunha. Velocidade máxima permitida: 70 km/h. De repente, pouco à frente, uma placa quase escondida aponta a velocidade de 60 km/h – um radar logo adiante. Tapetão: a velocidade máxima era de 100 km/h, passou para 90 km/h e agora diminuiu para 80 km/h. Nova área do rótula: a velocidade máxima era 60 km/h e agora diminuiu para 50 km/h. O objetivo dessa confusão é induzir o motorista ao erro. Sem esse tipo de “pegadinha”, dificilmente alguém que quer agir dentro das leis de trânsito seria pego por um radar. Dos recursos arrecadados com multas de trânsito, 5% são destinados ao Fundo Nacional de Segurança e Educação de Trânsito (Funset). Os 95% restantes vão para melhorias nas vias públicas, como os inúteis “tapa-buracos” e... Compra de mais radares. Assim, os recursos obtidos por meio dos radares entram no orçamento público. E passam a ser considerados permanentes. O que explica as famigeradas “metas de multas” que muitas prefeituras, ao contratar uma empresa terceirizada para gerenciar os radares, impõem em cláusulas contratuais: a origem da “indústria da multa”. Quem é favorável aos radares não se apercebe dos meandros de como a coisa é feita. Ingenuamente, muitos acreditam que a Educação no trânsito só acontece quando “dói no bolso”. Mas não é assim. Vários motoristas flagrados pelos radares não quiseram desrespeitar as leis de trânsito, mas, sim, foram induzidos ao erro. O infrator de trânsito deliberado, aquele que anda a 120 km/h em uma via cuja velocidade máxima é 80 km/h dificilmente é flagrado, porque sabe onde ficam os radares. E, pior, é este motorista infrator que pressiona o carro da frente a andar acima da velocidade, fazendo-o cair na “pegadinha” do radar. E a população não percebe que o radar é responsável por agravar os congestionamentos. Há motoristas que parecem crer que ganharão “bônus” se frearem antes do radar, passando uns 20 km/h a menos da velocidade máxima permitida. O que faz o trânsito ficar mais lento do que o necessário. Como nunca houve campanhas educativas sobre a forma de se portar diante dos radares, não são raras também as colisões causadas pelos radares. Outro ponto: radares escondidos não ajudam a reduzir os atropelamentos. As lombadas são muito mais eficientes para este fim, já que o poder público não pode deixar uma lombada não sinalizada - por razões óbvias. Só que a lombada não gera arrecadação, o radar, sim! Eis a razão por que praticamente aboliram as eficientes “barreiras eletrônicas”. Campinas ficou mais de três meses sem radares. Pelo que consta, o trânsito não se tornou um caos (maior do que já é), nem houve aumento considerável no número de acidentes. É óbvio que os radares não têm a função de fiscalização para melhoria do trânsito, mas, sim, finalidade meramente arrecadadora. É, portanto, apenas mais um dentre as dezenas de impostos que a população já paga. Nota do Editor: Prof. Ms. Fabrício Pessato - coordenador de Gestão Financeira e Ciências Contábeis da Metrocamp (Grupo Ibmec).
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