As lojas continuam lá, com as portas abertas, mercadorias expostas, vendedores prontos para atender, porém, as lojas estão quase vazias e todos se perguntam: onde estão os consumidores? É comum esse fenômeno ocorrer na segunda quinzena do mês, mais ainda, na segunda dezena. A explicação mais comum é que o consumidor concentra suas compras no início do mês, quando recebe o seu salário, que é verdade, mas não é apenas isso. Ele também recebe o vale e pode usar o cartão de crédito, entre outras possibilidades. Ocorre que as despesas das famílias mudaram muito nos últimos anos. Até a pouco tempo as famílias não tinham despesas, como: telefonia celular, mesmo o telefone fixo só se popularizou após as privatizações, internet, TV a cabo, planos de saúde, que a nova classe média está aderindo, acesso ao financiamento de carros e as despesas decorrentes dessa aquisição, taxas cobradas pelos cartões de crédito etc. Não conheço ninguém que consiga viver sem ao menos um celular e internet. Essas novas “despesas” já se tornaram indispensáveis, diminuindo a capacidade das famílias de comprarem produtos nas lojas, pois parte do orçamento familiar já está comprometido. Esse fato é ainda mais perverso nas cidades do interior. Nessas cidades parte do dinheiro que todo mês vai para o bolso dos trabalhadores e aposentados, não circulará localmente. Esse recurso deixará as cidades e irá para os bancos, empresas de telefonia, TV a cabo, financeiras, loterias, cartões de crédito, distribuidoras de combustíveis e eletricidade, concessionárias de rodovias, o e-commerce, entre outras. O orçamento dos municípios também perde, a maioria dessas grandes corporações está sediada nas capitais, os impostos que elas recolhem ficam no município onde ficam suas sedes. Muito pouco é devolvido pelo estado ou pela união, que fica com a maior parte da arrecadação. Diminuindo a capacidade de investimento do poder público local, o desenvolvimento e o progresso dependem quase que exclusivamente do setor privado, ou da vontade política do governo estadual ou federal. Afetando a vida de todos e naturalmente o comércio local. Os prefeitos e vereadores têm a obrigação de trabalhar para mudar esse quadro. Os empresários do varejo precisam da criatividade, do talento e da capacidade de empreender, para manter o consumidor presente nas lojas e não deixar de vender. A CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) pode contribuir e é a melhor opção para o lojista buscar soluções. Nota do Editor: Mauricio Stainoff é presidente da FCDL - SP (Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado de São Paulo).
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