O mês de agosto é, por muitos, considerado azarento, e já justificou sua má fama através de muitos acontecimentos. Foi num agosto que o primeiro homem foi executado na cadeira elétrica, estouraram a primeira e a segunda guerra mundiais, Hitler assumiu o governo da Alemanha, foram lançadas as bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki, começou a construção do Muro de Berlim e Nixon renunciou à presidência dos EUA. No Brasil, além do suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, ainda ocorreram neste mês o registro da maior taxa de desemprego em São Paulo, a renúncia de Jânio Quadros, a morte de Juscelino Kubitschek e muitos acidentes aéreos, marítimos e terrestres, com centenas de mortos. Daí a afirmação de ser agosto o “mês do desgosto”. O agosto que ora vivemos começa tenso. A atenção nacional está voltada para o Supremo Tribunal Federal que nesta quinta-feira, dia 2, começa as sessões de julgamento da Ação Penal nº 470, conhecida como “Processo do Mensalão”, onde o ex-ministro José Dirceu e outros 37 réus importantes serão julgados pela prática de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Todos são acusados de participar de uma sofisticada operação criminosa que distribuía dinheiro supostamente retirado dos cofres oficiais para parlamentares que votassem nos projetos do governo. O mês também começa com a mulher do bicheiro Carlinhos Cachoeira acusada de tentar subornar um juiz federal para obter a libertação do marido, preso e alvo de processos judiciais e de uma CPI no Congresso. Outra pendência é a ameaça de desemprego na indústria automobilística, que o governo procura evitar lembrando que a redução da alíquota de impostos concedida recentemente deve ter a manutenção dos empregos como contrapartida. De quebra, ainda se registra o protesto dos caminhoneiros e o elevado nível da criminalidade. Os azares de agosto alimentam a crendice popular e já serviram até de tema para obras literárias. Mas também existem aqueles que têm o mês como um período de sorte. O melhor, no entanto, é tê-lo apenas como um tempo a construir e trabalhar, com toda força e sinceridade, para alcançar o progresso e o bem-estar. Esperamos sinceramente que nesse agosto, no caso do mensalão, depois de sete anos de apuração, os ministros do STF tenham instrumentos para promover uma justa conclusão e virar uma importante página da história do país, tornando a sociedade mais imune à corrupção e ao descalabro. Que as questões de Cachoeira e seus envolvidos resultem em julgamentos justos onde cada qual pague conforme sua culpa ou dolo. E que o governo e os empresários cheguem a um consenso para manter os negócios em funcionamento e evitar o sofrimento do país e dos trabalhadores. O agosto de 2012 ainda está por construir. Vamos, todos, construí-lo com muito trabalho, dedicação e amor à pátria, na certeza de que os acontecimentos ruins do passado foram apenas coincidências... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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