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Crônicas
09/08/2012 - 15h41
Amélia dos achaques
Vânia Lopes
 

Amélia era uma senhora que estava sempre reclamando de problemas de saúde. Não havia um único dia, que ela afirmasse estar bem. Dizia ter gastrite, sinusite, bronquite, renite, bursite e várias outras doenças terminadas sem ite. Ao vê-la no portão, os vizinhos demonstravam pressa. Ninguém tinha paciência para escutar por horas a fio, um rosário de enfermidades. Uns ao encontrá-la diziam: “Desculpe, dona Amélia, preciso ir andando, deixei o leite fervendo”. “Outra hora a gente conversa, preciso dar um telefonema urgente.” “Puxa, dona Amélia, acabei de lembrar que deixei uma torneira ligada.” Alguns nem se esforçavam para arrumar uma boa desculpa: “Acho que peguei a tal gripe do frango, não vou parar para não contaminar a senhora que já é tão doentinha!” “Desculpe a pressa, mas me bateu uma dor de barriga. Preciso entrar em casa rapidinho.” Certa ocasião uma senhora que se mudara há pouco para o bairro, e ainda não conhecia bem a Amélia, passou duas horas e meia em pé a ouvindo reclamar de suas mazelas. Era incrível como em um corpo tão franzino coubesse tanta doença, se perguntava a ouvinte. O sol começava a se esconder quando a pobre senhora - com as pernas inchadas pelo tempo que passou de pé -, conseguiu se livrar e ir para casa. Deste dia em diante ela evitou passar próximo a casa da Amélia e se por acaso a encontrava na rua, fugia dela como o diabo foge da cruz. Não tinha idade e nem paciência para ouvir tanta lamuria. O médico do hospital local, suava frio quando encontrava entre as fichas dos pacientes, o nome de dona Amélia. Era um tormento tentar explicar para ela que todos os seus exames estavam perfeitos, que não havia nem sombra de doença, ou qualquer infecção ou inflamação. A gula foi o único mal do qual Amélia padeceu durante toda vida, e por ser gulosa morreu aos oitenta e sete anos engasgada com espinho de peixe.

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