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SEÇÃO
Crônicas
19/08/2012 - 15h00
Caminhada
Geraldo Cerqueira
 

Apenas 80 cm me separam da inércia para a ação. Esta é a distância do primeiro passo de uma longa caminhada. Lá no começo certamente, este passo não passava dos 15 ou 20 cm. Hoje 60 anos depois, apesar de carregar o pesado fardo que pelas voltas da vida teima em me acompanhar, passo a dar um número próximo de 5000 passos quase diariamente. Tornaram-se necessários a sobrevivência, novamente me retirando do estado letárgico que as circunstancias impõem e me ofertando oxigênio que alimenta meu corpo e me dá vida a alma. A cada passo me deparo com os flagrantes e as contradições da vida, que me levam a profundos devaneios, representadas pelas juras de amor eterno entre Ricardo e Thaís datado de 1987 e inscrito no tosco cimento de um banco, que me faz imaginar por quanto tempo durou tal eternidade. Mais alguns passos e me sobressalto ao quase pisar nos excrementos de um animal quadrúpede certamente pertencente a outro animal que só deixou de ser quadrúpede por uma falha da evolução das espécies. Ainda neste pensar por pouco não sou atingido por um tsuname provocado provavelmente pelo mesmo animal dono do dono da bosta defecada que foi incapaz de reduzir a velocidade ou desviar da poça d’água que me fez lembrar que em breve teremos eleição para prefeito. Caminho mais um tanto e passo pela grade do avestruz ainda sendo alterada de funesta para... vejo agora que não é só verde é alviverde, Deus! Salve o América. Chego ao ponto de inflexão, 2500 passos dados. Minha volta ainda que sobre os passos já dados, permite outras inspirações. Levanto a cabeça, e me surpreendo ao pensar que tenho olhado muito para o chão ultimamente, e deparo ao longe, no horizonte, com o astro rei a se ocultar dentre as nuvens rosadas. Adivinho que mais um pouco e serei presenteado por mais um belo espetáculo daquele que no seu ocaso diário nos oferta a sua mais linda visão de forma a marcar sua existência diária nos fazendo ansiar pelo novo dia. Novo trecho e vejo as aves a se recolherem ante a noite que se avizinha. Sobre o fio telefônico um casal de micos a me acompanhar do alto. Uma garça alva como a neve faz um voo rasante sobre as já quase negras águas da lagoa a procura de sua última refeição no dia. Vislumbro o horizonte e busco pelo celular no bolso da bermuda interrompendo “lábios de mel” na interpretação do mano Caetano para poder fotografar um espetáculo grandioso proporcionado por um artista maior: contemplo o pôr do sol. Dez ou vinte fotos ao longo de 100 passos apressados ou extremamente lentos a procura de um novo ângulo de um rasgo de luz que ilumina o fim de minha caminhada.

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