Começa nesta terça-feira (21/08), o horário eleitoral gratuito de rádio e televisão. Usada em campanha há 60 anos nos EUA e 50 no Brasil, a televisão é a grande vedete do período e consome o maior volume dos recursos. Em razão do tempo que cada partido dispõe, com base no seu número de deputados federais, formam-se as alianças mais esdrúxulas entre agremiações e lideranças sem qualquer afinidade política ou ideológica. Exemplo disso é o ruidoso pacto Lula-Paulo Maluf em São Paulo, até agora não assimilado entre os correligionários de ambos. A soma dos horários partidários no rádio e na TV tem constituído verdadeiras colchas de retalhos Brasil afora. Em algumas localidades, são conhecidas como “arcas”, tamanha a diversidade de bichos nelas embarcados. Neste ano, a internet começa a ser utilizada em escala maior, tanto em redes sociais quanto em fusão com os veículos de comunicação da mídia tradicional. Da mesma forma que passou a oferecer serviços até então inexistentes ou executados pelo jornal, rádio e TV, a rede se revela importante ambiente para a campanha e ainda carece de regulamentação. Com certeza, dentro de dois anos, nas eleições gerais, as regras serão mais claras para esse novo nicho de comunicação. Em 1962, quando foi utilizada pela primeira vez, na eleição de São Paulo, a TV brasileira ainda era limitada em tecnologia, penetração e horário de programação. Mas, aos poucos, foi ampliando sua participação a ponto de, em 1976, depois de um grande sucesso eleitoral do oposicionista MDB nas eleições de 74, o governo militar editar a Lei Falcão, que limitava o horário gratuito à apresentação dos “santinhos”, com nome e número dos candidatos. Em 1989, na primeira eleição presidencial direta em quase 40 anos, o vencedor, Fernando Collor de Melo encontrou na TV uma grande aliada. Hoje temos o horário gratuito com regras impostas pela justiça eleitoral mas, mesmo assim, é o principal instrumento nas grandes e médias cidades brasileiras. As campanhas estão profissionalizadas e transformam os candidatos em produto de marketing. No começo dos anos 50, quando a TV americana começou a ser usada em campanha eleitoral, alertava-se de que “escolher um candidato não é a mesma coisa que comprar uma caixa de sabão”. Ressalvados época e contexto, o alerta ainda é válido para nós, brasileiros. A escolha daqueles a quem vamos destinar nossos votos não pode e nem deve ser submissa ao apelo publicitário; eles devem ter propostas que coincidam com nossos interesses e, além disso, serem éticos, honestos e trabalhadores. Se, depois de optar por um candidato, o eleitor tomar o cuidado de pesquisar seu nome na internet, terá como saber quem é ele e, principalmente, se cometeu algum crime ou irregularidade e até mesmo se foi absolvido por falta de provas, conseguindo escapar do crivo da “lei da ficha suja”. Com esse simples zelo, cada um de nós estará ajudando a construir um Brasil melhor. Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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