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Opinião
07/02/2005 - 13h00
Círculo fechado
Regina Caldas - MSM
 

A diretora de uma excelente escola privada paulistana contou-me que, após as eleições de 2002, ocorreu algo estranho na cabeça dos pais cujos filhos ficaram para recuperação nos exames finais. Dirigiam-se ao colégio indignados com a punição e a reclamação era sempre a mesma: "Eu nem posso entender porque meu filho tem que estudar tanto! Atualmente no Brasil, mesmo sem estudos se chega lá...!", comentavam apontando o dedo para o alto! Em contrapartida, durante toda a minha juventude ouvi de meu pai: "- Estuda, estuda sempre, pois só os estudos levam o ser humano adiante", frase que hoje completo afirmando convicta, - e só a Educação leva uma nação adiante.

Numa época já esquecida, a Escola Brasileira foi de nível elevado. Tanto a escola pública quanto a privada foram prestigiadas pela alta qualidade de ensino, e os estudantes das classes mais abastadas consideravam um privilégio disputar vagas numa escola pública como a Caetano de Campos, por exemplo. A partir de então, quando o ensino brasileiro iniciou seu processo de decadência, ouvia dizer que isto acontecia porque nossos políticos queriam manter o povo no cabresto. Um povo ignorante é facilmente conduzido ao bel prazer de sua classe política. E nas Terras de Santa Cruz inexiste a capacidade de se pensar a longo prazo, de se planejar o futuro nacional; o que importa é que os interesses imediatos sejam satisfeitos.

O preço que a Nação paga pelo descaso com a Educação de seu povo assemelha-se a um teatro do absurdo. Na administração pública quase tudo funciona através do famoso "jeitinho brasileiro", e muito se faz com o uso indiscriminado das MPs. Quando o Governo "justifica" seus erros, não se envergonha de fazê-lo através de mentiras ou de desculpas que nos fazem pensar o quanto nos julga idiotas.

Investimentos na Educação trazem retornos a curto, médio e longo prazo. É um patrimônio que se irradia, que enobrece a raça, o único que tem poder para nos diferenciar dos animais soltos no pasto. Quanto menos estudamos mais imbecilizados ficamos. Trata-se de um retrocesso que não destrói as potencialidades de uma única geração. As gerações futuras tornam-se cada vez mais comprometidas com as conseqüências advindas da falta de investimentos numa Educação de qualidade. Despreparados, não nos parece estranho que sejamos governados por semi-analfabetos, por indivíduos que através de uma simples canetada desobrigam candidatos à diplomacia de serem fluentes em língua inglesa! Isto é, o estudo do inglês, que deveria ser obrigatório para todos, desde as primeiras classes, a partir de agora, sequer será exigência para quem representa o país perante o mundo! Em pleno século das Comunicações, quando a informação torna-se fundamental para qualquer simples mortal, para aqueles que deveriam resumir a nata do saber, pois representam a Nação, falar inglês deixou de ter sentido. Aqui não me refiro apenas à comunicação formal de um governo. Sem o inglês, somos privados das mais importantes publicações cientificas, tecnológicas, dos romances, dos jornais internacionais etc., editados, muitas vezes, apenas naquela língua. O descaso com a Educação de qualidade (onde se inclui o conhecimento da língua mais importante ao redor do planeta), mantêm-nos atados a viseiras. De que adianta o Governo exaltar tanto a necessidade da inclusão digital se no pacote prometido não se inclui o estudo da língua inglesa? Inclusão digital para que? Basta irmos até o Google atrás de alguma informação para sabermos o porquê de, num pacote de inclusão digital, haver a necessidade de se incluir o estudo do inglês.

A média brasileira de incompreensão de texto que contenha mais de cinco linhas, chega à absurda taxa de mais de 80% de cidadãos que freqüentaram escola. O estudo de línguas além da portuguesa beneficia o nosso desenvolvimento mental, visível em curto prazo. Mas a ignorância nacional, pretendendo tolher nossa liberdade de expressão impõe limites em nossa comunicação com o Mundo. O governo Todo-Poderoso, sabichão, arroga-se o direito de saber o que é melhor para o cidadão. Em conseqüência, tranca a Nação dentro de um círculo terceiro-mundista onde o que não seja "pão e circo" corre sério risco de ser apagado da vida nacional. De forma sistemática, lenta e cruel, vem desmantelando nosso patrimônio econômico, cultural e nossas instituições. Se no mundo contemporâneo existe um fosso cada vez mais profundo separando as nações desenvolvidas das subdesenvolvidas, certamente estamos com as piores. Se até recentemente fomos um país em vias de desenvolvimento, esta posição torna-se, pela nossa ignorância, sonho do passado. Nossa decadência moral e cultural é agora evidente. Quando acordarmos será tarde demais: nada seremos além de chimpanzés vagando dentro de limites que jamais deixarão de ser aqueles "do país do futuro".

Hellô beautiful people, daqui para frente cumprimentem-se com um simplório: "Aché, meu irmão!"


Nota do Editor: Regina Caldas é Bacharel em Administração de Empresas, ocupando durante anos a diretoria e conselho de entidades como União Cívica Feminina; Federação Internacional de Mulheres de Negócios e Profissionais Liberais. Também fez parte do IL de São Paulo.

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