A situação das indústrias brasileiras ainda é bem complexa, embora o PIB nacional apresentasse um pequeno crescimento de 0,4% no segundo trimestre. Na comparação com o primeiro trimestre do ano, a protagonista foi a agropecuária, que registrou crescimento de 4,9%, enquanto o setor de serviços avançou 0,7%. Por outro lado, a indústria registrou queda de 2,5%. A pequena expansão da economia, contudo, suscitou a comemoração por parte da equipe econômica do governo. O ministro da Fazendo, Guido Mantega, salientou que o segundo semestre será de recuperação. O mercado internacional apresenta fragilidades na presente conjuntura, principalmente na Eurozona, onde a crise e os riscos ainda se mantêm. Os Estados Unidos segue numa recuperação ainda tímida e a China, um dos maiores parceiros brasileiros, continua segurando o freio de mão. O governo brasileiro, em críticas recentes ao mercado internacional relativas às manobras no câmbio da Eurozona, da China e outros países e ao preço dos produtos que concorrem com os nossos, inclusive commodities, que estavam prejudicando nações emergentes, também foi censurado por sua postura protecionista, ao estabelecer aumento dos impostos na importação de alguns produtos. Tais medidas em um mercado globalizado poderão gerar implicações com o intercâmbio comercial, principalmente com países parceiros. Em nova medida governamental para estimular as empresas brasileiras, aumentou o imposto sobre produtos importados, principalmente envolvidos com produtos siderúrgicos e petroquímicos, além de itens de consumo mais populares, como batatas, pneus, sola ou salto de sapato e tijolos, terá validade de um ano, prorrogável por mais um. As críticas estão focadas novamente no sistema protecionista, que poderá ser contestado pela OMC (Organização Mundial do Comércio). Contudo, de acordo como ministro Fernando Pimentel, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, como as alíquotas foram majoradas em até 25%, esse aumento está dentro do limite de 35% permitido pelo organismo multilateral. Sabemos que a situação atual não é de proteger o mercado interno, principalmente em alguns segmentos nos quais sempre fomos competitivos, e que essa medida de proteção poderá ser mais uma alternativa negativa de criar expectativas falsas aos empreendedores, pois o problema crucial é a perda de competitividade em virtude do aumento dos custos, sejam tributários, pela fome do governo de manter a máquina administrativa inchada, energético, em que as promessa s se fossem realizadas poderiam colaborar com a redução dos custos, e o logístico (depois de perceber que este é a peça chave para competitividade e empregabilidade, o governo tira do forno uma medida de investimentos no curto, médio e longo prazo, mas vinculando através da PPP - Parceria Público Privada a transferência de responsabilidades sobre esses investimentos). A ação do governo e de sua equipe demonstra que alguns pontos são cruciais na sua implementação e que o recurso público não é suficiente para modificar em 10 anos toda a infraestrutura necessária para melhoria da competitividade das empresas. Haveria a necessidade de investimento entre 80 bilhões e 125 bilhões de reais. As ações empreendidas pelo governo tentando retaliar as importações mais parecem uma demonstração da falta de capacidade em solucionar os problemas domésticos, fazendo com que as empresas que não estejam em dificuldades possam aproveitar os mecanismos de incentivo e acabar deixando, quando podem, de investir recursos em seu parque industrial. Nota do Editor: Reginaldo Gonçalves é coordenador de Ciências Contábeis da FASM (Faculdade Santa Marcelina).
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