Tem sido abordada nas últimas semanas pelos meios de comunicação a situação contraditória da economia brasileira que apresenta uma baixa na atividade econômica e, ao mesmo tempo, um mercado de trabalho aquecido. Há pouco, a projeção da atividade econômica para 2012 era algo entorno de 2%, inferior que os 2,7% idealizados no início do ano. Nos últimos dias, já se apontava uma variação do PIB para 1,64%. Esse dado está sendo atribuído a um recuo da demanda e da queda nos investimentos. Na questão dos preços, o IPCA na sua variação dos 12 meses apresenta desaceleração. Essa repercussão está atribuída a alguns fatores, entre os quais a elevação da inadimplência, mesmo com o nível de baixo desemprego e renda em alta, impactando diretamente na demanda. No debate, de um modo geral, a desaceleração econômica e o aquecimento do mercado de trabalho estão sendo referidos a ajustes estruturais em função da migração de trabalhadores da indústria para o setor de serviços, a longas defasagens dos efeitos da política monetária, o processo de resfriamento econômico e as incertezas geradas pelo panorama internacional. Uma questão importante que pouco se aborda é a falta de políticas e planejamento da economia brasileira no médio e longo prazo. Temos visto o governo atuar em ações com efeitos no curto prazo, que beneficia e repercute diretamente no consumo das famílias, conforme as reduções de impostos pontuais e os benefícios junto às montadoras de automóveis. A comprovação disso é o resultado do Plano de Aceleração de Crescimento (PAC) que significou 0,5% de incremento no PIB em investimento de infraestrutura. Há necessidade de que o governo encaminhe as devidas reformas esperadas para proporcionar ao setor produtivo brasileiro maior competitividade no mercado internacional, investir e melhorar a infraestrutura do país para qualificar e baratear o custo logístico. As reduções na taxa Selic estimulam a manutenção da demanda para o segundo semestre, período historicamente mais aquecido que o primeiro semestre. Para as empresas é um período de ajustes internos em suas estruturas produtivas e administrativas, momento para que elas avaliem as suas políticas de Recursos Humanos e planejem as suas operações para um mercado mais competitivo. Penso que com a manutenção dos índices de desemprego em baixa, as vantagens serão para as organizações empresariais que possuem as condições citadas anteriormente e venham atuar em um mercado mais competitivo. O longo prazo dependerá da sensibilidade do governo em entender a necessidade de planejar e realizar as reformas necessárias. Nota do Editor: Daniel M. Gil (daniel@gerencialconsultoria.com.br), economista e consultor da Gerencial Auditoria e Consultoria
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