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SEÇÃO
Medicina e Saúde
15/09/2012 - 18h15
Distúrbio alimentar e a gravidez
Breno Rosostolato
 

As histórias de desejos por certos alimentos durante a gravidez não são lendas. Existem relatos, muitos até bem-humorados, de casos de gestantes que apresentam gostos, vontades e a necessidade de comidas não muito convencionais. Misturas que não são comuns e até mesmo substâncias no mínimo inusitadas. Embora sejam engraçados alguns desses momentos, essas vontades podem denunciar a presença de um distúrbio alimentar chamado Pica. O nome vem do latim e significa “pega”, um pássaro do Hemisfério Norte conhecido por comer quase tudo que encontra pela frente. É um distúrbio muito raro entre os seres humanos, mas muito comum nas grávidas.

A Síndrome de pica ou Alotriofagia é caracterizada pelo consumo de substâncias com pouco ou sem nenhum valor nutricional. Um apetite incontrolável de comer substâncias não comestíveis. Contextualizando o ato do picadismo, existem classificações distintas ao distúrbio. Geofagia é o ato de ingerir substâncias terrestres como barro, terra e argila. Atribui-se esta prática a necessidade de melhorar a deficiência de minerais no organismo. Já a amilofagia é o ato de comer amido. Esta dieta de substâncias inusitadas associadas à Pica engloba ainda a ingestão de gelo (Pagofagia), fósforo queimados (cautopireiofagia), giz, pedra ou cascalho, sabão, carvão, fuligem, papel, cinzas de cigarro, tabletes de antiácidos, leite de magnésia, bicarbonato de sódio, borras de café e alimentos como batata crua. Outros distúrbios ainda associados à Pica são, Coniofagia (comer pó), Coprofagia (comer excrementos), Emetofagia (comer vômitos), Urofagia (ingerir urina) e Hialofagia (ingerir vidros).

Não existe uma incidência específica para o aparecimento do picadismo, ou seja, independe de regiões geográficas, sexo, idade, etnia ou classe social. Entretanto, a duração deste hábito alimentar define a presença do distúrbio, em que deve persistir por pelo menos um mês se alimentando destas substâncias. Crianças desnutridas, com alguma dificuldade no desenvolvimento cognitivo e um ambiente familiar conflituoso em que existe negligência dos pais quanto à alimentação da criança, aumentaria a probabilidade de surgir o picadismo. Muitos bebês, num determinado momento do desenvolvimento psicomotor e afetivo passam por fases em que experimentam de tudo. Levam a boca pedrinhas, brinquedos e até fezes. Isso porque a boca é um dos principais instrumentos para conhecer e interagir com o ambiente no qual está inserido, portanto, este comportamento não é Pica.

Uma hipótese para o surgimento deste distúrbio durante a gravidez é a desnutrição proteico-calórica, em que a deficiência de ferro, iodo, vitamina A e folato, vitamina responsável pelo DNA e formação celular. Esta desnutrição é um dos principais fatores para o impacto destrutivo no organismo da gestante e ao feto. Certas substâncias vão suprir a ausência destes nutrientes, originando assim o picadismo. Outro aspecto relevante seria a condição aliviadora de náuseas e vômitos que estas substâncias não nutrientes causam. O que se observa também é que a prática do picadismo é sustentada por costumes e tradições passadas de mãe para filha.

A Pica pode ter agravantes médicos como intoxicações, prisão de ventre, hemorragia intestinal grave, passando por possíveis intoxicações, dores abdominais, diarreias, má absorção e perfurações intestinais, anemias, perda de peso e até uma alteração patológica do encéfalo. Nas gestantes a diminuição do suprimento de nutrientes saudáveis e infecções por parasitos intestinais são consequências do picadismo.

O tratamento da Pica vai desde medicamentos, uso de vitaminas e complementos de minerais. A psicoterapia é uma eficaz, principalmente se o distúrbio alimentar fomentar um estado depressivo na pessoa.


Nota do Editor: Breno Rosostolato é professor de Psicologia da Faculdade Santa Marcelina.

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