Perdi pedaços de chão desde que aqui cheguei e até agora continuo a perder. O primeiro e mais saudoso foi aquele onde estava a casa onde nasci. Deixei para trás vários pedaços de chão onde estavam minhas queridas escolas. Eles deram lugar a empresas onde eu passava horas a trabalhar e para um apartamento que me abrigava à noite e em fins de semana. Com bom dinheiro consegui comprar um grande pedaço de terra, construí a chácara de meu sonho! Nele se ressaltavam a casa branca com janelas azul escuro em estilo colonial, gramados, jardins e várias árvores frutíferas que acolhiam muitos pássaros. Um dia, fiquei sabendo que o terreno era grilado, perdi tudo. Tudo bem, tudo passa... Segui pelas estradas da vida. Preciso agora encontrar um simples pedaço de chão. Nele desenharei uma amarelinha com giz branco, igual àquela em que, muito alegre, eu brincava quando criança. Assim, bem devagar, eu poderei continuar a pular neste pedaço de vida, casa por casa, até cair na casa no Céu!
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