20/08/2025  09h27
· Guia 2025     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Opinião
19/09/2012 - 07h02
Lobby: corrupção X cidadania
Maria José da Costa Oliveira
 

Em pleno momento de julgamento do mensalão, independente do veredicto que se anuncie, emerge um termo que merece ser resgatado. Esse termo é lobby, mais conhecido por nós brasileiros quando usado como sinônimo de suborno ou corrupção.

O emprego do termo surge com evidência principalmente na revelação de escândalos, que cada vez mais minam nossa confiança na política e nos políticos, fazendo com que muitos cidadãos se afastem dos assuntos de interesse público.

Por isso, pode soar como ousadia tratar neste artigo de lobby, não só sob o ponto de vista negativo, como estamos mais acostumados a tratá-lo, mas também sob sua perspectiva de cidadania.

Lobby é uma atividade que busca influenciar o poder de decisão em todas as organizações, mas, em especial, junto ao governo, de modo a favorecer um indivíduo, um grupo, uma instituição ou um setor da sociedade.

Para Rabaça e Barbosa, no Dicionário de Comunicação, podem ser consideradas ações de lobby os meios utilizados para influenciar políticos ou funcionários governamentais de forma direta (contatos pessoais, correspondências etc.) ou indiretamente (através dos meios de comunicação ou de fatos capazes de sensibilizar a opinião pública, atingindo desse modo os representantes da comunidade).

Apesar de não ser um termo recente, lobby ainda é pouco conhecido por boa parte dos brasileiros. Os que têm noção de seu significado, por sua vez, tendem a defini-lo como ações de suborno e corrupção praticadas nos bastidores governamentais. Infelizmente, não faltam exemplos nesse sentido, que endossam essa visão distorcida.

Entretanto, numa análise mais aprofundada, é possível perceber que lobby pode ser visto como forma de a sociedade exercer cidadania, uma vez que lhe possibilita influenciar políticas públicas.

Quando se refere a assuntos de interesse público, lobby muitas vezes vem sendo realizado ainda de forma amadora e incipiente, apesar de que, mesmo carente de profissionalização, é capaz de conseguir resultados que podem beneficiar a sociedade como um todo.

Nesse sentido, é possível relembrar a participação da sociedade civil organizada na formulação da Constituição de 1988, ou mesmo a influência exercida, seja por grupos que defendiam os consumidores, seja por grupos que defendiam os interesses de empresas, na criação do Código de Proteção e Defesa do Consumidor, evidenciando que, no Estado Democrático, todos têm direito de exercer influência junto ao poder de decisão.

Num episódio mais recente, podemos destacar grupos da sociedade, que, reivindicando transparência, influenciaram a aprovação da Lei da Ficha Limpa.

É bom lembrar que lobby não se restringe à área governamental, uma vez que seu objetivo é influenciar o poder de decisão, presente em todo grupo organizado, o que o transforma em uma atividade legítima dentro do processo democrático.

Sua imagem, todavia, sofre desgaste junto à opinião pública, cada vez que atende a interesses particulares de empresas e grupos e principalmente daqueles que pagam pelas decisões que, em detrimento dos interesses da comunidade, trazem como conseqüência falta de responsabilidade social e ambiental, revelando-se como uma contradição em relação ao conceito de cidadania.

Tal contradição se sustenta porque lobby é muitas vezes visto como um instrumento ligado à visão corporativa de grupos de interesse, o que pode significar apropriação indevida de espaços públicos, em função de interesses particulares.

No entanto, é possível perceber que a sociedade civil também vem aprendendo a se organizar para cobrar das autoridades competentes seus direitos de cidadania.

Há muitos anos tem se tentado regulamentar a atividade de lobby no Brasil, que procura criar normas claras e punição para quem se apropria indevidamente da atividade para interesses escusos. Resta questionar porque sua aprovação sofre resistência.

Por isso, é mais do que momento de entender lobby como um instrumento à disposição da sociedade, para a defesa do interesse público, garantindo que sua prática ganhe maturidade e valorização dentro da sociedade democrática, extrapolando a visão equivocada de sua aplicação.

Sua ação já começa a dar sinais de que será cada vez mais estendida a movimentos populares, influenciando o poder de decisão para causas públicas.

Dessa forma, devidamente utilizado, o lobby exerce papel preponderante para viabilizar o exercício da cidadania e a consolidação da democracia, transformando-se num verdadeiro instrumento de comunicação pública, ou seja, de comunicação que se processa no espaço público, visando o interesse público e com o amplo envolvimento de todos os setores da sociedade.


Nota do Editor: Maria José é coordenadora do curso de comunicação da Faculdade Metrocamp - Grupo Ibmec Educacional.

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "OPINIÃO"Índice das publicações sobre "OPINIÃO"
31/12/2022 - 07h25 Pacificação nacional, o objetivo maior
30/12/2022 - 05h39 A destruição das nações
29/12/2022 - 06h35 A salvação pela mão grande do Estado?
28/12/2022 - 06h41 A guinada na privatização do Porto de Santos
27/12/2022 - 07h38 Tecnologia e o sequestro do livre arbítrio humano
26/12/2022 - 07h46 Tudo passa, mas a Nação continua, sempre...
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2025, UbaWeb. Direitos Reservados.