Começou a campanha eleitoral nas 50 cidades que terão o segundo turno para eleger seus prefeitos. Os dois mais votados do turno inicial concorrerão e será eleito o que obtiver maior número de votos. É uma segunda oportunidade para o eleitor confirmar ou mudar o voto dado a 7 de outubro, e para os votantes dos candidatos derrotados escolherem um entre os dois finalistas. Faz parte do processo a aliança dos segundoturnistas com os seus ex-concorrentes que ficaram em terceiro, quarto, quinto lugar no pleito inicial. Mas, para o encaminhamento ético das coisas, essa aliança deve ser política e até ideológica, jamais movida pelo loteamento prévio dos cargos da administração pública. Da mesma forma, terminadas as eleições para vereador, começam em todas as localidades as tratativas para a eleição da nova mesa diretora da Câmara Municipal, composta por presidente, vice-presidente e dois secretários que, além da função de vereador, também terão a missão de administrar a casa. O presidente, afora disso, ainda torna-se o segundo na linha de sucessão municipal. No impedimento do prefeito e do vice-prefeito é ele quem assume o governo municipal. É rotineiro que, tanto na composição do segundo turno quanto nas acomodações para a formação da mesa da Câmara, ocorram a barganha com a distribuição de cargos de livre nomeação para os políticos derrotados ou para seus indicados, sem a mínima preocupação quanto à competência do indicado. Há casos onde o nomeado nem tem a obrigação de comparecer ao trabalho, mas recebe os salários todos os meses. Outros nomeados dividem seus salários com os padrinhos políticos ou com os próprios governantes. Isso é corrupção e, quando acontece, frustra o princípio da alternância do poder, pois os derrotados continuam dentro da máquina administrativa, e o grande prejudicado é povo. Talvez esteja aí uma das razões da imagem tão negativa que o povo faz da classe política, e o aumento gradativo dos índices de abstenção, apesar do voto ser obrigatório. Eleição é coisa séria. Todo eleitor deveria primeiro saber quem é o candidato para depois nele votar e, após as eleições, acompanhar regularmente o que fazem os eleitos. Se fizerem tudo certo, merecem aplausos, mas se desviarem do prometido em campanha, têm de pagar o preço. Para casos mais graves, nada impede que o povo saia às ruas e se manifeste para evitar os atos contrários aos seus interesses. E, mesmo que isso não aconteça, o eleitor bem informado é a grande arma da sociedade porque, sabendo das coisas, ele votará melhor nas próximas eleições e eliminará naturalmente da vida pública aqueles que prometeram e não cumpriram. O processo democrático brasileiro só atingirá a maturidade no dia em que o povo passar a encarar o voto como direito e não como obrigação. Aí, com a vontade popular implantada, os maus políticos serão alijados naturalmente do processo e não teremos mais de conviver com vergonhas como o mensalão, os sanguessugas, o dinheiro na cueca e outros escândalos produzidos nas ante-salas do poder... Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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