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Opinião
12/02/2005 - 11h52
Fechemos o nariz e entremos nas escolas públicas
José Carlos Zamboni - MSM
 

Fechemos o nariz e entremos nas escolas públicas. Funcionam em prédios abomináveis, projetados por arquitetos de galinheiro a soldo de políticos analfabetos.

Por exemplo, o sofrido e sofrível professor de português. Não ensina mais gramática e literatura. Como ensinar o que não sabe? Ele e seus colegas nunca aprenderam gramática ou literatura, pois estudaram nas piores universidades do mundo, públicas ou privadas - todas muito bem privadas, naquele sentido fétido da coisa.

O vestibular, nas humanidades, não existe mais para premiar o aluno competente, mas para sustentar um negócio da China que começa nos livros didáticos da escola básica e média, passa bem passado pelos cursinhos e termina em gran finale nas próprias universidades.

Selecionar os melhores é elitismo malvado, covardia de bichão-papão. É dever do professor universitário dar as mãos aos desafortunados da sociedade ou da natureza e erguê-los até o próprio nível - o que, aliás, não é muito difícil. Encolhe, cada vez mais, a diferença de conhecimento que sempre houve entre aluno e professor. Nunca um doutoramento foi tão fácil como no Brasil depois da ditadura militar (que teve o honroso mérito de começar a massificação do ensino, brilhantemente continuada pela esquerda peemedebista, peessedebista e petista, que no fundo não passam de farinha do mesmo saco).

Gramática virou sinônimo de torpe repressão burguesa, embora não se usem mais essas palavras do velho e carunchado comunismo. Gramsci ensinou a esquerda a ser mais sutil... A própria Escola de Frankfurt teria um vocabulário mais light para repetir a mesma idéia. Literatura, sobretudo a boa, é disfarce ideológico (no sentido marxista da palavra) - blablablá de intelectuais pequenos burgueses a serviço das classes dominantes. Bom escritor é quem usa linguagem coloquial, em sadia identificação com as massas oprimidas pelo açúcar e o colesterol. Ou quem não usa linguagem alguma, como os concretistas e os minimalistas.

Com a bunda confortavelmente sentada na poltrona multiculturalista, jurando serem iguais todas as culturas e terem o mesmo direito à luz do sol pedagógico - niilismo caridoso -, a inteligência iletrada escreve livros didáticos para aprimorar nos alunos a idéia, mil vezes engolida na tevê, de que uma letra boçal de rap é igual ou superior a um soneto de Camões.

Para usar a linguagem dessa gente: querem excluir a literatura do currículo e incluir o lixo da mídia, expresso segundo a doce cartilha do politicamente correto. Para agradar o aluno, difunde-se todo tipo de besteira, universalmente reduzida a texto. Hoje, tudo é texto. No mesmo nível estão o artigo de jornal, a bula de remédio, a receita de bolo, a letra do Chico e o conto de Machado. O que importa é "ler o texto do mundo", palavra de ordem dos cursos de letras, propagada no incompreensível dialeto acadêmico pela imbecilidade semiótica, de braço-dado com as sobras requentadas do marxismo ressentido.

Só um Deus pode nos salvar, diria Heidegger. Ou um dilúvio. De preferência, com água sanitária.


Nota do Editor: Publicado por Em defesa do melhor abandonado.

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