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Opinião
02/11/2012 - 07h00
Vida, morte e luto
Breno Rosostolato
 

A morte não é um assunto que agrada as pessoas. Desperta desconforto e angústia para uns, questionamentos e curiosidades para outros. Particularmente, sempre considerei a morte muito injusta. Nascemos, crescemos, aprendemos, construímos toda uma vida, família, filhos. Estabelecemos vínculos de amor e amizade. Trabalhamos, estudamos, vivemos entre experiências, sorrisos e choros. Envelhecemos, amadurecemos e tudo isso alicerçado pelo reconhecimento de quem somos. Reconhecemos habilidades, características e potenciais proporcionalmente ao reconhecimento de angústias, impossibilidades, deficiências e distorções. Ganhamos e perdemos e a morte é a perda de tudo que conquistamos. Não sei se é bem assim.

A morte é o desfecho de um ciclo e existe vida após a morte através das lembranças e memória da pessoa que se foi. As raízes criadas pelo ente querido que se foi faz com que ele seja homenageado através da saudade. A morte só é angustiante para quem a espera. Não deve-se viver condicionado a morte, mas é inevitável que a possibilidade de morrer faz com que valorizemos a vida e o que se vive. A morte é a celebração da vida e para quem fica é importante resignificar-se através da falta de quem se foi. Não à toa, se fala que “foi desta para melhor”, porque, a doença, a dor, o sofrimento está aqui e morrer é a anulação de todo o mal. A redenção necessária para a transição do tormento para a paz eterna.

As missas em memória às pessoas falecidas tiveram sua origem no século IV, mas foi no século seguinte que a igreja passou a consagrar um dia para essa celebração. Esta cultura de ter um dia para homenagear os mortos varia de localização e religião. No México, por exemplo, o dia é festivo.

O dia de Finados é o dia de celebrar a vida. A vida de quem foi e principalmente, de quem ficou. É importante relembrar do amor e do carinho por aquele que se foi. Renovar as forças dos familiares. Cultivar a imagem de quem faleceu é uma tentativa de suplantar a dor da perda e preencher as arestas e feridas deixadas por conta desta morte. Uma maneira de elaborar internamente a violência sofrida, porque se para quem fica a morte é ruptura, outrora deve ser compreendida como resignificações da própria existência.

O que devemos ficar atento é ao processo do luto, inevitável, mas se prolongado pode trazer consequências negativas afetivamente. O luto ocorre logo após a morte da pessoa querida e é um leque de sentimentos e emoções que requer um tempo para ser assimilado, cada um a seu tempo e diante das feridas sofridas, mas na maioria dos casos, os sentimentos são vividos como a maioria da pessoas. Existem aqueles que evitam falar da morte do ente querido, não vão a velórios e cemitérios. Uma maneira de lidar com esta perda. Conseguem seguir em frente e não nutrem a sensação de falta, mas esta falta é preenchida pelas boas lembranças. Mas outras pessoas ficam ancoradas e permanecem neste luto. Nega-se a perda e não conseguem aceitar a dura realidade de não ter a presença da pessoa falecida. Muitos ficam amargurados, num estado de melancolia e apáticos à própria vida. Culpam-se por terem dito algo ou coisas que deixaram de fazer pela pessoa que se foi. A angústia da solidão invade a vida da pessoa que fica descrente e desapega de si mesma. Momentos depressivos são comuns a todo luto, mas em casos de luto permanente, períodos depressivos são mais frequentes até se tornarem constantes levando a pessoa a isolar-se e até a tentativa de suicídio. Em todos os casos se faz necessário o auxílio de um profissional especializado.

O luto deve ser vivenciado, sem restrições, ou seja, chore, sofra e recorde as situações vividas ao lado da pessoa. Desapegue do egoísmo de tê-la ao seu lado, porque nesta vida, nada é para sempre. Cultive a sua vida e faça o necessário para ser feliz e recomece uma nova caminhada, sabendo que você não está sozinho. Nada melhor para enaltecer o respeito àquele que se foi, é seguir a própria vida.


Nota do Editor: Breno Rosostolato é especialista em psicologia clínica, arteterapia, hipnose clínica, sexualidade e professor de psicologia da Faculdade Santa Marcelina.

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