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07/11/2012 - 08h00
A ascensão e queda do Alcapone caiçara - 5
Júlio César Leite e Prates
 
Baixou o santo

Alcapone, desesperançado por conta da resposta dada pelo ministro Coringa já não mais saía de casa. Um belo dia resolveu espairecer fazendo uma caminhada quando passou em frente a um estabelecimento que continha um anúncio com os seguintes dizeres: “Pai Chuchu. É tiro e queda. Acabo rapidamente com os seus problemas.” Lendo aquilo, Alcapone não pensou duas vezes e entrou para uma consulta. Ao ser recebido a secretária de Pai Chuchu lhe disse: “A consulta é R$ 1.000,00. Fora os honorários dos espíritos. Pague metade agora e o restante ao sair.” Não tendo opção Alcapone fez o pagamento e aguardou. Após horas de espera e depois de ingerir dois litros e meio de guaraná Jesus, chegou então a sua vez de ser atendido. Dentro da sala muito pequena, sombria e quente Alcapone explica a situação para Pai Chuchu que lhe escuta atentamente sem dizer uma palavra. Depois de meia hora Pai Chuchu fala o seguinte: “Meu rei, o seu problema é grave. Vamos tentar uma regressão ou quem sabe invocar alguns espíritos pra ver se colocamos um fim nessa amargura toda.” Pai Chuchu dá início ao ritual quando vários espíritos começaram a encarnar, sendo eles: Calígula, Herodes, Nero, Getúlio Vargas, Hitler, Mao Tse-tung, Mussolini, Francisco Franco, Muammar al-Gaddafi, Sadam Hussein, Bin Laden, Kim Jong-il, Clodovil e dona Armênia, aquela da novela Rainha da Sucata. Ante a quantidade de espíritos que ali se encontravam Pai Chuchu decidiu não receber mais nenhum e disse que a sessão seria feita somente com aqueles presentes. Estupefato com a situação inusitada, gaguejando Alcapone pergunta aos espíritos: “Algum de vocês po-po-po-pode me ajudar?” Prontamente Calígula lhe respondeu: “Ora, Alcapone, o senhor é muito amador. Foi condenado por uma coisinha besta. Não sei se o senhor conhece a minha história, mas o meu império durou décadas e foi marcado pela corrupção, tirania, luxúria entre outros. Tudo coisa grande. Fiz o que fiz, porém, nunca fui deposto nem processado. Não irei ajudá-lo. Isso manchará a minha reputação.” Herodes e Nero disseram a mesma coisa, desencarnaram e partiram. Os espíritos de Getúlio Vargas e Hitler disseram: “Queres um conselho filho? Faça como nós. Dê um tiro em si mesmo e acabe logo com isso.” Mao Tse-tung, Mussolini e Francisco Franco permaneceram silentes. Muammar al-Gaddafi e Sadam Hussein repetiam a todo instante: “Salamaleico. Salamaleico. Salamaleico...” Bin Laden, muito culto, formado também no ocidente, disse a Alcapone: “Salamaleico irmão. Estou te reconhecendo. Você não é o Ali Babá? Ou seria um dos 40...? Li muito das suas histórias. Pode me dar um autógrafo?” Naquele instante, Alcapone ficou mudo, baixou a cabeça e a sacudiu de um lado para outro não acreditando em tudo aquilo que via, ouvia e vivia. De repente, o espírito de Kim Jong-il desembestou-se a falar e gesticular, mas como não havia nenhum oriental no local foi impossível entendê-lo. Por isso, a sua ajuda foi descartada. Restavam ainda os espíritos de dona Armênia e Clodovil, este último que foi logo dizendo: “Querido Alcapone, você por aqui? Como o mundo dá voltas!! Quando estive lá na sua terrinha pedindo apoio, emprego e intervenção para que a minha belíssima casa não fosse demolida a mando daquela promotinha e do gaguinho todos me disseram não. Agora, quer a minha ajuda?! Nem morta, passarinho. A sua casa também vai cair. E pelo visto será antes da minha. E tem mais. No seu caso não há João, agito, abaixo-assinado, cacau nem Condephaat que dê jeito. Hahahahahahahahah...” Por fim chegou a vez do espírito de dona Armênia, que com o seu sotaque carregado e sem titubear disse: “Alcapone, você lembra muito a minha filhinha Gerson. Você o conhece? Pode trazê-la aqui pra conversar com o mamãezinha dele?” Alcapone respondeu: “Que filhinha o quê, dona, vim aqui atrás de ajuda e não oferecê-la. Paguei, e muito caro pra isso.” Furioso, o espírito de dona Armênia diz: “Então, filhinha, sinto muita, pois assim como a casa daquela veadinho que acabou de ir embora, a sua também vai pra chon.” Aviso: esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com fatos da vida real é mera coincidência.

Júlio César Leite e Prates
juliopratesadv@terra.com.br

[Clique aqui para acessar a listagem dos textos (já publicados) da série A ascensão e queda do Alcapone caiçara.]

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