A reeleição do Presidente Barack Obama nos Estados Unidos, do ponto de vista político veio ao encontro da preferência da presidente Dilma Rousseff, pelo compartilhamento de uma visão de ampliação do diálogo, acordos já desenvolvidos no atual mandato com a América Latina e respeito ao protagonismo do Brasil como país emergente. Apesar das diferenças e até mesmo das disputas, a maior economia do mundo mantém com o Brasil relações comerciais expressivas, com nossas compras alcançando U$ 24 bilhões e nossas vendas U$ 20 bilhões. Atualmente, os dois países têm 25 áreas de cooperação e diálogo em funcionamento. Na verdade, ocorre um equilíbrio comercial, mesmo que a regulação de trocas no mercado global represente um desequilíbrio de poder e de barreiras protecionistas no exercício do livre comércio. Com efeito, diante do poderio econômico dos americanos ao longo das últimas décadas e sua política de subsídios, principalmente no mercado agrícola, as nossas possibilidades de obter vantagens são limitadas. Não é só o conflito do algodão que aparece cotidianamente em disputa na pauta Brasil e Estados Unidos. Mas, também questões sanitárias e outras exigências que envolvem as carnes e grãos, de significativo interesse comercial para o nosso país. Acontece, que a situação da economia internacional e todas as dificuldades do atual governo Obama em função da longa crise econômica e a falta de crescimento, obrigam a adoção de medidas protecionistas por todos os países. Na América não é diferente. Portanto, a expectativa mudando este cenário negativo, é a recuperação da agenda de abertura comercial favorecendo o Brasil. Ademais, a cooperação e ampliação do diálogo através de uma confiança mútua pelo reconhecimento do Brasil como país líder na América Latina e protagonista entre emergentes, garantirá um novo papel político e comercial ao nosso país. Outras questões menores, mas de valor simbólico, também precisam avançar. Não se justificam as dificuldades para entrada e saída de brasileiros nos Estados Unidos. O importante papel dos turistas brasileiros em um momento difícil da economia norte-americana é incontestável. Lá tem sido a “meca” do consumo brasileiro para as classes mais altas em momento de câmbio favorável. Há que se desfazer igualmente aquele sentimento “colonialista” passado, do ranço ideológico, que ainda se afirma por práticas comerciais e barreiras que nada mais são do que dominação política. A integração que a atualidade exige deve ser ampla, política, econômica, cultural e social. Só assim a eleição de Obama poderá ser considerada como de significado relevante ao Brasil. Os americanos precisam do Brasil por seu mercado e potencialidades. Portanto, a perspectiva é de reciprocidade e respeito no trato dos interesses nacionais. Nota do Editor: Afonso Motta é advogado, produtor rural e secretário de Estado.
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