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Opinião
17/02/2005 - 07h02
Derrota da incompetência
José Nivaldo Cordeiro - MSM
 

É preciso ter em conta que a derrota do candidato governista para a Presidência da Câmara de Deputados não é um fato menor, é um marco histórico da maior relevância que trará desdobramentos importantes. Duas tarefas cabem ao analista político: a primeira é entender como essa derrota foi construída e a segunda quais serão as suas conseqüências mais prováveis. É o que vou tentar fazer aqui.

A derrota do PT mostra que a combinação de incompetência com arrogância só poderia dar em desastre na articulação política. Começando pela escolha do nome do candidato, querido nos meio dos grupelhos radicais leninistas paulistas mas rejeitado inclusive por parte considerável do próprio partido, deslanchou-se uma sucessão de erros que não acabaram mais. Todos os ressentimentos dos acordos não honrados no passado vieram à tona. A prática fisiológica só se sustenta no tempo quando os acordos são honrados. Dessa vez muitas forças foram unidas, com uma grossa maioria dispersa do chamado baixo clero não deixando passar a sua vez de desforra. Quem não honra a palavra não pode cobrar lealdade.

De novo ficou demonstrado que o conjunto das forças mais à esquerda, mais irresponsável até poderíamos dizer, não constitui maioria. A união da bancada ruralista, dos evangélicos e do que restou da representatividade conservadora fez prevalecer uma unidade que, em outras circunstâncias, seria difícil de se imaginar. O cimento de tudo isso foi a arrogância no trato, seja do candidato, seja do PT, seja dos articuladores do Planalto. Nem todo fisiológico é 100% fisiológico e mesmo no meio da Máfia há que haver respeito. Faltou isso ao PT: respeito aos parlamentares, inclusive a alguns integrantes do próprio partido.

Quem é Severino Cavalcanti? Em tudo e por tudo, é um antípoda do PT. Sempre foi ridicularizado pelas forças petistas. Pode ser uma figura talhada para a caricatura, um matuto dos cafundós, um patrimonialista de boa cepa, mas é um homem de princípios claros, incluindo aqui os seus valores religiosos católicos. Na sua história política nunca houve uma militância de esquerda. Não será um personagem de fácil manobra, embora pareça um tanto ingênuo, até porque chegou onde queria e tem o poder que almejava. E mais: toda a Mesa é de não petistas. Severino não precisa do Executivo, é este que precisa de Severino. A agenda de elevação de impostos, de mudanças nas leis dos costumes, de invasão da vida privada, de fazer passar goela abaixo do Legislativo os pratos feitos no Planalto poderá agora ser bastante retardada, pelo menos é o que eu espero. O presidente da Câmara poderá ser o moderador do descalabro do coletivismo petista, a peça que faltava para compor um equilíbrio de poder.

E o biênio de sua gestão coincidirá com a escolha dos candidatos à sucessão de Lula, bem como com a campanha presidencial. Será uma pedra no meio do caminho nas pretensões à reeleição. Vai ser divertido observar os acontecimentos. O Senado Federal já era uma Casa visivelmente oposicionista, apesar da ação de José Sarney. Seu novo presidente não mudará essa situação. Com a Câmara agora conduzida à revelia das vontades do Planalto, não é difícil imaginar uma certa paralisia legislativa, o que será ótimo para todos os brasileiros.

Governabilidade hoje é legislar menos e respeitar os parlamentares e o povo brasileiro. É tudo que eu espero dessa nova composição de forças no Parlamento. O PT não apenas é vencível, como derrota-se a si mesmo. Fazer política no regime democrático é muito diferente do que acontece nos aparelhos dos centros acadêmicos universitários.


Nota do Editor: José Nivaldo Cordeiro é economista e mestre em Administração de Empresas na FGV-SP.

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