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A imprensa - jornal, rádio, TV e meio eletrônico - constituem o grande elo de ligação do Poder Público com a população. Sem os meios de comunicação, as leis, decretos, portarias e determinações não passariam de letras mortas. Viveriam o mundo oficial dentro de seus próprios limites e o povo fora deles, com todas as conseqüências que esse afastamento pode ocasionar. Historicamente, a imprensa faz chegar à população as orientações e campanhas vindas do mundo oficial e da sociedade organizada, e devolve às autoridades e lideranças a síntese do pensamento popular. Não é à toa que a mídia constitui importante ferramenta para o processo eleitoral e para a orientação do povo tanto em tempos de paz quanto de guerra. Quando sai à cata de informações para compor sua edição, o jornalista faz mais do que uma notícia. Do seu trabalho, sobra um residual de mobilização da sociedade. Quando traz informações governamentais, orienta o povo; quando leva problemas vividos pela população, orienta o governo a tomar as devidas providências; quando denuncia problemas, tira as autoridades competentes da sua área de conforto e as induz a apurar os fatos irregulares e punir os responsáveis à sombra do ordenamento jurídico e institucional. Essa tarefa de levantar problemas - especialmente os malfeitos - nem sempre é bem compreendida, mas é crucial e faz parte da gênese do meio de comunicação. O povo, através do meio de comunicação, tem a oportunidade de reclamar seus anseios e problemas. O primeiro “degrau” é pressionar a Câmara de Vereadores a cobrar o prefeito e levar tanto vereadores quanto prefeitos a exigir providências de deputados, governadores, senadores e até do presidente da República. Os reclamos populares, surgidos nas páginas dos jornais e emissões dos veículos eletrônicos constituem a grande ferramenta a mover autoridades e, principalmente os políticos que, por si, evitam atuar, tolhidos por razões eleitoreiras, corporativas e até por mero desleixo ou preguiça. Todas as vezes que vemos lideranças e supostos poderosos tentando desqualificar a imprensa, temos a obrigação cívica de reagir. Sem a atuação firme do meio de comunicação, a esmagadora maioria dos avanços da sociedade não teria acontecido e o poder público não passaria de um simples cartório de sonolentos ou despóticos integrantes. Só citando fatos mais recentes, a população não teria ficado sabendo de escândalos como os sanguessugas, os mensalões, os dossiês fajutos, as concorrências fraudulentas e outros. Tudo isso continuaria acontecendo nos escaninhos do poder, como se não existisse. Sem imprensa, provavelmente, nem a democracia teria se reconquistado. Até quando erra ou comete algum excesso, a imprensa livre cumpre o seu papel para com a sociedade, pois provoca a discussão e apuração dos fatos descritos. Aos que se sentem prejudicados resta, como segurança, o recurso da reparação judicial, quando cabível. As represálias, manifestações públicas e outras reações que alguns denunciados de negócios escusos pregam atualmente, constituem puro e intolerável obscurantismo. Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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