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Opinião
05/01/2013 - 09h20
Figueiredo e o cheiro de cavalo
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

No dia 21 de agosto de 1978, o general João Batista Figueiredo, indicado para suceder ao também general Ernesto Geisel na presidência da República, pronunciou um discurso populista, nas dependências de um clube em Araçatuba (SP). Iniciava ali sua jornada que terminaria ao devolver o poder aos civis. Oficial de cavalaria, ao sair do prédio foi indagado por um jornalista que tentava fazer o contraponto: “O cheiro do povo, como o senhor está sentindo?”

“Para mim era melhor o cheirinho de cavalo, o cheirinho de cavalo é melhor” - respondeu, sem pensar na repercussão das palavras na sua nova posição, e arrematou com franqueza e simplicidade: “São 43 anos (de cavalaria), você não quer que de um dia para o outro em mude? Nun dá!”. Naquele dia, o general - que servira em delicadas posições políticas e de inteligência desde antes da instalação do regime de 64 - estava mudado. Já havia até bebido cachaça (da boa!) oferecida pelo prefeito de uma cidade vizinha. Na sua nova trajetória, produziria muitas frases de efeito, típicas de quem havia sido escolhido para encerrar um ciclo. “Vou fazer deste país uma democracia e se alguém for contra eu prendo e arrebento”, talvez seja a mais célebre delas.

No dia seguinte ao episódio do cavalo, ainda percorrendo o interior paulista, Figueiredo se tornaria duro com os jornalistas, pois não imaginava que aquela conversa ganharia tanta repercussão. Seu governo foi atribulado. Teve de enfrentar os que queriam abertura imediata e, dentro do próprio regime, os que não queriam nenhuma abertura. Fez seu papel e, no final, demonstrando cansaço, além dos problemas de saúde, pediu: “agora me esqueçam!”. Suas citações, no entanto, ficaram para a história.

O “rei” Pelé também tem a sua frase pontual. “Vamos proteger as criancinhas”, dita no dia 19 de novembro de 1969, quando fez o milésimo gol. Ele próprio, mais tarde explicaria que não se tratava de uma campanha, mas de uma mera lembrança sua de uma cena vista meses antes, quando algumas crianças tentavam roubar um carro. A repercussão foi grande, mas lhe renderia críticas, anos depois, quando teve problemas com os próprios filhos.

O meia armador da Seleção campeã de 70, Gerson, foi outro que pagou caro pelo que disse. Em 1976, ao gravar o comercial do cigarro Vila Rica, jamais poderia imaginar-se criando aquilo que seria a negativa “Lei de Gerson”, praticada por aqueles que “gostam de levar vantagem em tudo” e adotada como símbolo dos que fazem corrupção e espertezas. Tanto o jogador como o produtor do comercial garantem que a idéia era exclusivamente alavancar a venda do cigarro.

Certamente, você, leitor, conhece outros casos como os acima, onde a comunicação escapa ao propósito. Eles existem aos milhares e podem causar dor-de-cabeça ou até manchar a reputação do autor. Não será de se estranhar se, em pouco tempo, surgirem novas interpretações e importantes revelações para as frases “Nunca antes nesse país...” e “eu não sei...”. Lula deve manter suas barbas de molho...


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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