Ladies and gentleman: Joe Cocker - "With a little help from my friends" de Lennon & McCartney. O ano de 1969 corria solto. Éramos o expoente da contracultura. Paz e amor, um baseado nas mãos, rock and roll e liberdade! Éramos os donos do mundo. Enquanto isso, em pleno século 21, numa escola qualquer do Brasil, uma aluna de 14 anos, exclama: "Hoje eu acho que a causa da violência na minha escola são as drogas. Alguns alunos fumam crack no banheiro e depois ficam brigando com todo mundo." Em outra escola, outra aluna afirma: "Na hora do intervalo, os meninos vão até o bar, tomam vinho e voltam bêbados para a sala e depois brigam com o professor." "Outro dia uns alunos brigaram com os meninos que ficam em frente à minha escola sem fazer nada e um rasgou o rosto do outro com um estilete. Eu acho que eles estavam drogados." E lá no fundo da escola, uma aluna com sua sabedoria impar, arremata: "Não temos o que fazer, não temos lazer e só tem barzinho para ir. Vocês adultos não estão fazendo a parte de vocês, alguma coisa está errada." Não conseguimos manter a paz nem alimentar o amor. Cultivamos as drogas, proliferamos a Aids e nossos roqueiros transformaram-se em excelentes homens de negócios, sem paz nem amor. As drogas invadiram os colégios, tomaram nossos lares, matam nossos filhos e a impunidade dos traficantes é tamanha que elegem deputados, senadores, criam normas de convivência e determinam os rumos da economia mundial. Não somos capazes de manter um Estado justo, de acabar com a impunidade dos que fazem da desgraça das drogas um excelente meio de vida, nem sequer conseguimos criar sistemas de lazer com esporte e cultura para nossos filhos. Vivemos dos modismos musicais, onde a música transformou-se em belas nádegas a rebolar em espetáculos de carnaval, sem líricas notas nem acordes essenciais. Nossos filhos são reféns de traficantes espertos que os usam como "mulas" em troca de porções grátis de crack que nem viagem legal proporciona, mas horrores e morte pela pitada no cachimbo que escondeu a paz. De quem é a culpa? Será que é só do traficante? Do cara que nunca mostra a cara e tem alma de demônio? Quem usa droga são seres humanos, com faces de anjo e sorrisos inocentes! Éramos jovens, com sonhos de amor e paz. Hoje um jovem diz: "Vocês adultos não estão fazendo a parte de vocês, alguma coisa está errada." Meu Deus! Minha dor é perceber que apesar de tudo que fizemos, ainda somos os mesmos e pensamos como nossos pais, na célebre frase de Belchior! Sem paz nem amor, prisioneiros do vil metal. Realmente o sonho acabou e deixamos aos nossos jovens o lado escuro da lua, onde o sexo é a espada aidética que os fere de mortal desencanto. E lá, no escurinho da vida, mais um jovem se mata por overdose, sem Rock’n’roll!
Nota do Editor: Douglas Mondo é advogado, escritor e presidente da Tv Japi Mais.
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