Doença ainda desconhecida e silenciosa afeta, principalmente, pacientes hospitalizados e acamados
Doenças cardiovasculares são enfermidades do coração, como arritmias cardíacas, infarto e angina? Sim, mas não são só isso. Elas também podem envolver os vasos sanguíneos, afetando veias, artérias e vasos capilares e tem o potencial de colocar a vida dos pacientes em risco. Uma dessas doenças é o tromboembolismo venoso (TEV). O TEV é considerado um dos distúrbios circulatórios mais perigosos e possui um diagnóstico algumas vezes bastante difícil. A doença é caracterizada pela obstrução parcial ou total do fluxo de sangue dentro de um vaso sanguíneo causado por um coágulo ou trombo. O resultado dessa obstrução do fluxo reflete-se em pontos de estagnação do sangue, um problema que pode se manifestar de duas formas: Trombose venosa profunda (TVP) - ocorre quando há formação de coágulos nas veias profundas dos membros inferiores ou da pelve Embolia pulmonar (EP) - acontece quando os coágulos se desprendem do local de formação (pernas ou pelve) e migram para os pulmões, levando ao bloqueio parcial ou total das artérias dos pulmões, que pode chegar até a provocar a morte do paciente. No Brasil, as doenças do sistema circulatório estão em terceiro lugar na lista das principais causas de internação no Sistema Único de Saúde (SUS)¹. Por causa do desconhecimento sobre TEV, não há dados precisos sobre a doença no Brasil. De acordo com Roberto Giraldez, cardiologista do Instituto do Coração (InCor) do Hospital da Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), a doença é mais frequente do que se possa imaginar, especialmente em pacientes hospitalizados e acamados. “O TEV pode ser a consequência de outro problema de saúde que provocou a hospitalização do paciente. O problema também pode ser motivado por outros fatores como câncer, acidente vascular cerebral (AVC), uso de medicamentos anticoncepcionais, presença de varizes, entre outros”, diz o especialista. Outra grande causa de TEV são cirurgias de grande porte em pacientes que permanecem imobilizados por um determinado período. Além do cuidado pré-operatório em procedimentos complexos como artroplastias de joelho e quadril (colocação de prótese) em pacientes adultos, é necessário um cuidado especial após a cirurgia, uma vez que a formação de coágulos nas veias das pernas é uma das complicações mais temidas e frequentes no pós-operatório. Para tratar o TEV, os especialistas fazem uso de anticoagulantes injetáveis ou orais, que reduzem a capacidade do organismo de produzir mais coagulação sanguínea, evitando a progressão ou recorrência do coágulo previamente formado. Os anticoagulantes orais podem ter vários mecanismos de inibição, com destaque para os agentes inibidores diretos do fator Xa da coagulação e, diferente dos injetáveis, oferecem mais conforto ao paciente pela facilidade de administração. “Além dos recursos medicamentosos, técnicas não medicamentosas de prevenção de trombos também são recomendadas, como a movimentação gradativa das pernas para estimular a circulação sanguínea, ajudando a reduzir o inchaço e a formação de trombos nas veias”, ensina Giraldez. Esses procedimentos, aliados a mudanças no estilo de vida, como cessação do fumo, redução da ingestão de álcool e uma alimentação balanceada, também são necessários para a melhor recuperação dos pacientes. ¹ Fonte: Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/DATASUS - 2008)
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