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Opinião
31/01/2013 - 11h00
O Evangelho segundo Nero
Dartagnan da Silva Zanela
 

Que atire a primeira pedra quem não tem nenhum pecado (João VIII; 7). Todos conhecem essas palavras. Muitos a utilizam para defender-se. Aliás, esta passagem é uma das mais profundas (VIII; 1-12) dos quatro Evangelhos. Santo Agostinho, em seus comentários ao Evangelho do discípulo amado, nos lembra que o gesto do Cristo escrever na terra simboliza uma nova afirmação da lei de Deus. Quando Iahweh entregou os mandamentos a Moisés, o fez em pedra, devido à dureza do coração humano. Porém, agora, o Filho do Homem esperava frutos. Frutos vivificados pela Letra da lei.

E não para aí não. Após todos os presentes na ocasião retirarem-se, reflexivos, Nosso Senhor aproxima-se da mulher adúltera e pergunta-lhe: “Ninguém te condenou?” Ela responde: “Ninguém, Senhor”. E o Filho de Davi conclui: “Pois nem eu te condeno. Vai e de agora em diante não tornes a pecar”. E não tornes a pecar.

Ora, tomando o conjunto da cena, temos três pontos importantes: o orgulho, o exame de consciência e a conversão. O orgulho de todos os presentes na cena (inclusive da mulher), pecadores irascíveis como eu e você. O exame de consciência, ao qual resistimos em fazer e que, sua ausência, impossibilita nossa conversão e a necessária obediência ao Decálogo. A mulher pecou, mas reconhecia a autoridade da Lei. Os acusadores também, todavia, esforçavam-se em seguir a piedade da Lei e, em razão disto, o Cristo pode tocar o coração da multidão e da acusada. Por isso, confesso, minhas mãos imundas tremem quando leio essa passagem do Evangelho.

Em vista disso, lembrar a todos que somos pecadores não é ofensa. De minha parte, envergonho-me desta minha condição ontológica que faz de meu coração um campo de batalha, contando sempre com a misericórdia de Deus e com a paciência de meus irmãos. Não com a leniência.

Todavia, atualmente, ai daquele que ouse lembrar a necessidade da fidelidade à Lei Mosaica. Este receberá o tratamento que foi dado por Herodes ao profeta São João Batista por vivermos em uma sociedade que escarnece da fé, onde a religião é vista como um reles adorno pessoal.

Resumindo a opereta, hoje, não somos apenas pecadores, somos orgulhosos de nossos pecados e, em muitos casos, exigimos que todos o reconheçam como algo bom e louvável. Não é à toa que a reflexão à luz da Lei de Deus tornou-se praticamente obscena e o convite à conversão um vexame.

Exemplos disso abundam. Um, significativo, ocorreu em Curitiba em 14 de janeiro deste ano. Um grupo de Católicos Tradicionalistas (IPCO) fazia um ato público, pacífico, contra o aborto e o casamento gay. Entregavam panfletos, cantavam hinos sacros e tocavam gaitas de fole. De repente, um grupo de manifestantes chegou e os insultaram, provocaram e os agrediram (assista aos vídeos no YouTube). Outra, na Parada Gay de 2012, onde um militante fantasiou-se de Papa (Bento 24, segundo ele) e segurava uma camisinha como se fosse o Santíssimo Sacramento. E tudo isso, toda essa fúria e escárnio, em nome do reinante Evangelho segundo Nero.

Estes, e muitos outros, não querem ser lembrados de seus pecados porque os amam. Não querem ouvir nenhuma menção à Lei de Deus, porque fazer o que quer sem culpa, para eles, é toda a lei e, por isso mesmo, tudo o que os contraria, deve ser calado, inclusive e principalmente, a Palavra de Deus.


Nota do Editor: Dartagnan da Silva Zanela é professor e ensaísta. Autor dos livros: Sofia Perennis, O Ponto Arquimédico, A Boa Luta, In Foro Conscientiae e Nas Mãos de Cronos - ensaios sociológicos; mantém o site Falsum committit, qui verum tacet.
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