(Cópia do título sem autorização do escritor Fabrício Carpinejar)
Estou plagiando o Carpinejar e como plagiar é crime, sou réu confesso e, portanto culpado por copiar, assim como os jovens que morreram e os que ainda lutam para sobreviver da tragédia da Boate Kiss de Santa Maria. Eram seis horas da manhã de domingo quando ouvi a primeira notícia do incêndio e logo pensei foram eles os culpados pelo sinistro. E não é que acertei. Eram! Eu sei que sou culpado por plagiar, mas meus filhos ambos universitários e os que estavam na boate também são culpados por irem às festas em que a lotação está acima do permitido. Onde já se viu não fazer a contagem antes de entrar, com o facílimo cálculo matemático de duas pessoas por metro quadrado. Eu sei que sou culpado por plagiar e os jovens triplamente culpados por não questionarem o gerente da casa, se o alvará estava em dia e o plano dos bombeiros aprovado. Eu sei que sou culpado por plagiar e os universitários também são por não exigirem quando entraram na festa portas de emergências no local. Afinal são universitários! Eu sei que sou culpado por plagiar e eles também são barbaramente culpados por não testarem os extintores da boate e que fosse providenciada naquela noite uma porta maior e sem obstáculos para saída em caso de emergência. Sou culpado por plagiar e eles são culpados porque abandonaram os sonhos e projetos que tínhamos para eles e nem ao menos deu tempo para o último beijo, o abraço apertado, o sorriso, o adeus. Enquanto eu e as vítimas somos culpados pela tragédia, os inocentes por serem omissos e negligentes mataram os nossos filhos, destruíram nossas famílias, acabaram com as nossas amizades, terminaram com a alegre vida universitária de Santa Maria. Nota do Editor: Ronaldo José Sindermann (sindermann@terra.com.br) é advogado em Porto Alegre, RS.
|