Exemplo recente da insensatez humana, a "tragédia anunciada" em Santa Maria (RS) provoca revolta e lágrimas. O silêncio ensurdece, a sensibilidade grita, o lamento suspira. Vidas viram números, o anônimo se transforma em íntimo, a comoção unânime pulsa familiar. Na solitária amargura, a incomensurável dor é compartilhada. Nos previsíveis falatórios, o oportunismo de ocasião aproveita a consciente repercussão. O alerta de hoje repete o descaso de ontem, não garante um sensato amanhã e muito menos suaviza o eterno sofrimento. Que ser é este que une diversão com explosão; que torna a harmonia uma agonia; o doce balançar em um constante soluçar; a agradável descontração em intensa investigação? Que ser é este que a todos emudece diante da inversão do ciclo da vida; que a todos cala ao banalizar o ciclo da morte? Mas seres também se amam, se abraçam, se amparam, se envolvem, se solidarizam. Estes são os humanos! Vozes de lá e de cá voluntariamente acolhidas. O bom senso vira coro. E ecoa: tanto para consolar, como para exigir. Na individualidade, a responsabilidade; na mobilização coletiva, a tão necessária ofensiva. O futuro queima. O luto aparece. Vidas sangram... Mas o passado ensina. A esperança acredita. A vontade supera... Que ser ambíguo é este? Sem vacilar, é urgente humanizar. Não apenas na mobilização depois do cinza fatal mas, sobretudo, na transformação moral, no dia a dia de um colorido real. Nota do Editor: Mauro Wainstock é jornalista. E-mail: mauro.wainstock@gmail.com.
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