Faz alguns anos, fazia minha caminhada, todos os dias, na praia do Perequê-Açú. Lá cruzava, quase todos os dias com um Senhor que praticava a mesma atividade. Um determinado dia perguntou-me minha identidade.

Informei meu nome. Ah! O Sr escreve todas as semanas no jornal. Naquela época, o jornal "A Cidade", publicava todas as semanas um artigo de minha autoria. Solicitou-me que publicasse um artigo sob o título de: Ubatuba Reino do Corê Corês. Sem perguntar seu nome questionei-lhe a intenção de seu pedido. "O Sr sabe que reino dos Corê Corês é local de loquazes e palradores. Aqui em Ubatuba todos falam, falam, falam e ninguém faz nada. Nossos políticos não administram, nomeiam pessoas despreparadas para cargos de grande responsabilidade e ninguém reclama. Não tem cidadãos que façam valer seus direitos. Há evidências de nepotismo, de tolerância com pessoas que são nomeadas para cargos em comissão e só aparecem para retirar o salário no final do mês etc. etc. etc.".

Publiquei o artigo solicitado com o intuito de colaborar com o município. Apesar das evidências os políticos da época não gostaram e fui xingado. Político não costuma gostar da verdade. Detesta que as aberrações existentes, no poder público, mesmo sendo públicas, sejam publicadas.

Lembrei-me dessa história porque temos como chefe do Poder Executivo um dos políticos mais loquazes e palradores que Ubatuba já teve, na sua Câmara Municipal, na verbalização do moral, do ético, da legalidade, impessoalidade, publicidade e eficiência administrativa, no poder público.

Comparando a verbalização, acima citada, com algumas das portarias de nomeação em comissão de que tomamos conhecimentos nos levam a acreditar, com o interlocutor do Perequê-Açú que continuamos a viver no Reino dos Corê Corês.

Existem exemplos particularmente agressivos à cidadania. Outros que por falta de formação adequada já estão criando problemas à administração e à cidade. Pessoas nomeadas para uma secretaria trabalhando em outra e sem preparo ou afinidade para as funções que deverá executar. A título de exemplo citaremos três casos: Nomeação de Supervisores de Obras e Fiscais de Obras Públicas a cidadãos que não sabem o que é um projeto, uma planta e que nunca analisaram uma planilha. Além da irregularidade na nomeação não estão exercendo a função. Nomeação de Assistente Técnico da Secretaria de Saúde cidadão que nenhuma formação específica tem para o cargo. O problema é sério e cabe ao Sr Prefeito Municipal tomar providências imediatas. Caso contrário a Câmara Municipal deverá tomá-las.

Entendemos que os cargos de provimento em comissão criados para cada secretaria são necessários para que ela desenvolva seus serviços com eficiência. Caso não sejam necessários devem ficar vagos. Repetimos ser uma agressão à cidadania nomear para eles pessoas que não possuem qualificação.

A coerência entre a palavra e a ação não costuma prejudicar nenhum político.

Nota do Editor: Corsino Aliste Mezquita, ex-secretário de Educação de Ubatuba.