Participava de um encontro sobre educação no grande auditório do Minas Centro, lotado por um público noventa por cento feminino. Um dos palestrantes, famoso escritor, psicólogo, e também etc. etc. etc., disse a seguinte frase: “... De todos os pacientes que atendi em muitos anos de clínica, cheguei à conclusão de que os seus problemas eram por culpa da mãe!”. Ele devia ter um santo protetor muito forte porque sobreviveu. Todas aquelas mulheres o queriam socar, castrar, pisotear, estrangular, escalpelar, chicotear, esfaquear, arrancar as unhas, a pele, os olhos, e chupar o sangue de canudinho. (ai que vontade... que ódio... nunca mais li um livro dele...). Depois dos ímpetos assassinos terem se acalmado, fiquei pensando na questão. Achava injusta. Afinal o filho não nasce com manual de instrução. A mãe se dobra ao avesso para criá-lo da melhor forma possível. Erros, cometerá, mas não por sua culpa. Por outro lado, numa conclusão óbvia, a fala do nosso psicólogo ficou justificada. Pode não ser intencional, mas se é ela quem cria, os problemas originam-se daí. Mesmo entendendo justificada, o nó continuou em minha garganta. Onde está o cerne deste sentimento de injustiça então? Está no pai. Ele fica isento de qualquer responsabilidade. Nos dias atuais em que a mãe também trabalha fora, pode ser que conte com a ajuda do companheiro. Mas ajudar não é assumir, essa carga continua em suas mãos. Assim ele é eximido do erro, não responde pela culpa. A ditadura deste pensamento de “mão no colete para o pai”, já está institucionalizada. Preencha qualquer ficha cadastral, só é requisitado o nome da progenitora... POR QUÊ? Alguém consegue responder!
|