As razões ocultas da ambição
Curiosamente todos nós aparentamos estar atrás do dinheiro, mas mesmo ganhando uma fortuna parece que não basta. Queremos mais. Mas mais o que? Quantas vezes você já viu uma personalidade ou um executivo bem-sucedido continuar a trabalhar mesmo depois de ter acumulado muitos bens? Nenhum deles parece pensar como nós, pobres mortais, e chegar a uma simples conclusão: "Já que estou com a carteira cheia e o dinheiro dá para sustentar gerações, vou jogar tudo para o alto e curtir a vida e o ócio". Por que será que isto não acontece? Afinal de contas o dinheiro sempre parece ser a justificativa para se almejar o crescimento profissional. Obter riqueza para poder usufruir depois é uma das razões clássicas para se trabalhar e obter sucesso. Mas há outros elementos em jogo. Um deles, que engloba a maioria dos outros (reconhecimento, poder, sucesso profissional, realização pessoal) está relacionado a um comportamento observável em muitos outros animais. Quem descobriu isto foi um biólogo israelense chamado Amotz Zahavi. Seu estudo de 1975 analisava por que alguns machos tinham certos comportamentos quando se exibiam para as fêmeas. Zahavi percebeu que os rituais de exibição em situação de acasalamento exigiam um esforço considerado acima do razoável para as espécies. Ele chamou este comportamento de "sinalização custosa". É uma exibição que serve para demonstrar aos parceiros e oponentes a capacidade que temos: se podemos abusar dos recursos disponíveis significa que temos em excesso, o que nos coloca num patamar superior dentro da cadeia hierárquica. De uns tempos para cá alguns psicólogos comportamentais (como Geoffrey Miller), passaram a aplicar o conceito de "sinalização custosa" para compreender os seres humanos, e perceberam que muita coisa se encaixava nesta lógica. Um exemplo que Miller usa em um dos seus livros é por que um homem de meia idade investiria em um carro potente de alto custo se ele poderia comprar carros tão potentes quanto e mais baratos, porém de uma marca menos conhecida. Se o que realmente interessa é a potência, porque gastar mais se há modelos mais baratos? Para justamente demonstrar que ele é capaz de gastar dinheiro de maneira excessiva. E é desta maneira que grifes e marcas de luxo sobrevivem: da necessidade de gerarmos "sinalizações custosas". E esta lógica vale para infinitas outras coisas. Uma festa luxuosa de casamento, onde comidas e bebidas caras são servidas em locais belos que evidenciem o custo deles. Tem gente que pensa: com este dinheiro daria para dar entrada num apartamento ou comprar um bom carro... Mas haveria redução na sinalização, há uma perda social ao economizarmos este dinheiro. Usamos no cotidiano a palavra "status" para definir este comportamento. E é por esta razão que muitas pessoas que poderiam parar de trabalhar e curtir a vida não fazem isto. Elas e muitos outros animais sociais. Deixar a empresa onde somos bem-sucedidos ou abandonar uma carreira onde estamos bem posicionados não é fácil. Um ator famoso no meio do século passado disse: "Não há nada pior do que entrar num restaurante e já não ser mais conhecido pelas pessoas". Este ator se chamava Cary Grant. Por sinal, quem foi Cary Grant mesmo? Nota do Editor: Alessandro Bender é dono de um perfil multidisciplinar. Pioneiro na aplicação de abordagens cognitivas baseadas em Neurociência em projetos de Marketing e Gestão de Pessoas no Brasil, é Mestre em Ciências Cognitivas pela Universidade Federal de São Carlos, além de ser formado em Artes Plásticas pela Fundação Armando Álvares Penteado. Já desenvolveu inúmeras consultorias em empresas nacionais e internacionais ajudando a descobrir e solucionar problemas dentro das organizações, atuando diretamente na comunicação interna e na gestão de pessoas. Realiza workshops em todo o Brasil sobre Ciências Cognitivas e Comunicação Corporativa. À frente da Uma Central, desenvolveu 3 grandes áreas de trabalho: a área de Coaching, que dá suporte ao cliente em sua vivência emp resarial. O Change Management, que dá suporte à organização em seus processos de mudança, seja ela física, de cultura etc, e, por fim, o Feedback 24/7, uma sofisticada ferramenta de acompanhamento de clima organizacional. Clientes: Unilever, Volkswagen, Schering-Plough, Galderma Brasil, Banco Real, Sodexo, Cipatex, Sebrae, Mercure, SP Trans, entre outros.
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