Quem não sonha ficar em forma, livre aquela barriguinha? Curiosamente, ao contrário do que se costuma pensar, nem sempre ela é causada pelas gorduras localizadas, mas pode ser conseqüência de outro elemento indesejável: os gases. Uma das queixas mais comuns nos consultórios de gastroenterologia, sua presença em excesso no intestino causa distensão abdominal. "Para fugir desse incômodo, é recomendável consumir moderadamente alimentos que contribuam para a formação de gases e evitar a deglutição de ar (leia box)", explica a Drª Maria do Carmo Friche Passos, coordenadora do setor de Motilidade Digestiva do Instituto Alfa de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da UFMG e professora adjunta do departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG. Os gases intestinais têm sua origem em duas fontes: a fermentação de restos alimentares nos intestinos ou da deglutição de ar, também chamada de aerofagia, tanto com a saliva como por determinados hábitos alimentares. "Dietas ricas em carboidratos e alimentos como feijão, lentilhas, ervilhas (leguminosas em geral) e certas verduras contribuem para o acúmulo de gases nos intestinos. Os restos alimentares, por ação de bactérias intestinais, sofrem degradação, principalmente no intestino grosso, produzindo aproximadamente três litros de gases por dia", esclarece a médica. "Já a deglutição de ar ocorre quando se fala, mastiga chicletes, ingere bebidas gaseificadas ou muito quentes", completa. Segundo a especialista, observações clínicas indicam que a aerofagia excessiva associa-se com freqüência a fatores emocionais. "Algumas pessoas reagem à ansiedade, medo, mágoa ou tensão emocional com aumento da ingestão de ar", comenta. Além disso, certos profissionais como professores, locutores e apresentadores de tevê, que são exigidos a falar muito, são particularmente propensos a produzirem gases em excesso engolindo ar. Drª Maria do Carmo comenta que é muito comum também ocorrer distensão abdominal pela dificuldade de eliminação dos gases. "Cultivar o hábito de prender gases pode levar a desconforto e distensão abdominal". Além disso, a retenção dos gases pode ter conseqüências graves para os que têm divertículos no intestino grosso (condição muito comum a partir dos 50 anos), pois o aumento da pressão intraabdominal, causada pelo gás preso, pode até mesmo irritar e inflamar o divertículo causando diverticulite. A gastroenterologista alerta, ainda, que ao se fazer uso de fibras naturais em cápsulas, como um recurso para tratar a prisão de ventre, há mais chances de se acumular gases. "Nesse caso, as fibras sintéticas são mais recomendadas, já que, com elas, o efeito de formação dos gases é reduzido", diz a especialista. A Libbs Farmacêutica foi o primeiro laboratório a trazer ao Brasil a policarbofila cálcica. "Comercializada sob o nome de Muvinor, essa fibra sintética aumenta o volume das fezes, facilitando sua eliminação, sem formar ácidos graxos, que contribuem para um maior acúmulo de gases no intestino, diminuindo a sensação de empachamento e as cólicas", completa. Evitando a barriguinha: Para fugir da distensão abdominal, Drª Maria do Carmo Passos recomenda algumas mudanças de atitude, que são fundamentais: • Modificar a postura corporal; • Evitar chicletes, balas e cigarros; • Comer moderadamente feijão, lentilha, soja e leguminosas em geral (ricos em carboidratos não absorvíveis, esses alimentos tendem a fermentar no intestino); • Consumir sempre alimentos ricos em fibras e beber bastante líquido, para facilitar o trânsito intestinal (a obstipação - prisão de ventre - retarda a passagem da comida pela parte inferior do aparelho digestivo, provocando maior fermentação dos alimentos e, conseqüentemente, maior produção de gases); • Reservar um tempo tranqüilo para as refeições e mastigar bem os alimentos (engolir a comida às pressas atrapalha a digestão e o bolo alimentar pode chegar ao intestino sem estar digerido adequadamente); • Evitar falar enquanto se come e não ingerir saliva em excesso (desse modo, evita-se a ingestão de ar); • Andar é sempre saudável, pois estimula os movimentos intestinais. Fonte: Drª Maria do Carmo Friche Passos, coordenadora do setor de Motilidade Digestiva do Instituto Alfa de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da UFMG e professora adjunta do departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG.
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