Em 1945, logo após a 2ª Guerra Mundial, período que demarca um dos piores momentos da sociedade do século XX, passou-se a construir a idéia de criação de um mecanismo mediador internacional que garantisse direitos fundamentais as nações. A 2ª Guerra Mundial foi um acontecimento que marcou várias gerações: primeiro pelo seu poder bélico-destrutivo e conflitos étnicos; segundo pelos efeitos arrasadores das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki. Anterior a este trágico episódio, a humanidade nunca tinha visto algo tão perverso e inumano. Os seus efeitos traumáticos não se conseguem esquecer quase 70 anos após. A ONU surgiu depois deste dialogo mundial, ou seja, os resultados destrutivos da 2ª Guerra Mundial haviam ultrapassado os limites da razão humana. Não se podia mais permitir algo tão nefasto e avassalador, futuramente. A mediação entre os conflitos das nações se fazia urgente e necessária. As bombas atômicas demarcaram uma nova era de combate. Como também, se consubstanciaram como o prenúncio do final do mundo. Mas, o homem não conseguiu aprender, definitivamente, com suas próprias dores físicas e psicológicas. Infelizmente, logo em seguida, entre os anos de 1947 e 1948 foi criado o Estado de Israel na Palestina e o Regime do Apartheid na África do Sul, contrariando todas as expectativas que a humanidade tinha na construção da paz e do respeito a outrem. Israel, desde esta data, vive o pesadelo de uma guerra civil incontrolável e sanguinária, chegando a utilizar homens e mulheres bombas por grupos radicais contrários. Assassinatos, destruições, insegurança e o ódio, passaram a ser comuns na relação cotidiana em várias cidades israelitas, entre Judeus e Palestinos. Na África do Sul, o ódio étnico construiu barreiras intransponíveis na busca de uma relação pacífica entre negros e brancos. Momentos de dor, pobreza, encarceramento, tortura e humilhação eram comuns nos anos de ferro do regime de exceção em detrimento aos direitos dos negros. O Apartheid quase superou a escravidão no trato ao outro. Manifestações pacíficas e armadas transformaram homens e mulheres comuns em “marginais” perigosos e procurados pelas forças de segurança porque o combate armado foi à única forma de repudiar o regime que aniquilava com a vida e o futuro dos negros em solo nacional. Nelson Mandela, Steve Biko, Mbeki e outros foram vítimas deste sistema. Mandela e Mbeki viveram por décadas encarcerados; Steve Biko foi assassinado a pancadas pela polícia. O empobrecimento dos negros e suas humilhantes formas de vida nas favelas espalhadas por vários bairros em condições insalubres, geravam ao redor do mundo críticas e combates ao sistema separatista. Um número significativo de artistas não faziam turnê pela África do Sul e vários países não comercializavam com o mesmo país, em protesto ao Regime do Apartheid. No entanto, mesmo estando isolada culturalmente e economicamente de boa parte do mundo moderno, em 1960, na cidade de Joanesburgo, um protesto com 20 mil pessoas entraria para história pelo seu desfecho trágico. O movimento pacífico era contra a Lei do Passe, “que obrigava a população negra a portar um cartão que continha os locais onde era permitida sua circulação”. Sem o passe os negros não tinham a permissão de circular em sua própria cidade natal. A polícia do Regime do Apartheid abriu fogo contra a multidão desarmada, resultando em um número de 69 mortos e 180 feridos. Esse genocídio ficou conhecido mundialmente como o Massacre de Shaperville. Em memória aos mortos deste massacre a Organização das Nações Unidas – ONU – instituiu o dia 21 de março como o dia de Luta contra a Discriminação Racial, uma batalha que ainda não chegou ao fim. Nota do Editor: Marcos Rufino, professor dos cursos de Direito, Serviço Social, Enfermagem e Fisioterapia da Anhanguera de São José/SC.
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