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Opinião
26/03/2013 - 07h14
É incrível, produzir e não ter como carregar
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

O Brasil está colhendo uma supersafra – 185 milhões de toneladas de grãos – e, nem por isso, tem motivos para festejar. Uma parte dessa mercadoria, muito requisitada no mercado internacional, pode apodrecer ou pelo menos perder qualidade porque não há logística para retirá-la do campo e colocá-la no consumidor e nos portos. E, quando chega ao porto, fica esperando em grandes filas, pois a estrutura de embarque é insuficiente. Estudos revelam a falta de 100 mil caminhoneiros em todo o território nacional, pois os veículos atuais têm tecnologia embarcada e exigem conhecimento e qualificação do seu condutor. Não bastasse esse despreparo, há que se lembrar das ferrovias sucateadas e da hidrovia inconclusa, que também poderiam (e deveriam) ser grandes corredores de escoamento.

Por mais repetitivo que possa parecer, somos obrigados a concordar que o país, em vez de crescer, inchou, está atrapalhado e, diante de tudo isso, encontra-se muito doente. Somos dotados de avançados órgãos e centros de estudo e tecnologia que apóiam a produção, aumentam a produtividade e nos fazem acreditar nos discursos oficiais sobre o desenvolvimento. Fomos capazes de ampliar as fronteiras agrícolas, otimizar processos e chegar à supersafra. Mas não conseguimos o óbvio: fazer a produção chegar ao seu destino. Governantes, universidades, entidades da sociedade civil e empresariado têm de admitir essa dura e até vergonhosa realidade. Temos capacidade para fazer o mais difícil (que é produzir), mas não fomos suficientemente previdentes para criar a infraestrutura de levar a mercadoria ao consumidor e ao ponto de exportação. Dessa forma, o resultado talvez seja até pior do que não produzir.

As filas de caminhões nos portos são recorrentes. Acontecem em todas as safras e, quando ocorrem, as autoridades prometem solução para a próxima safra. Mas, no ano seguinte, voltam a ocorrer. Durante a entresafra, não se executam as obras viárias de chegada aos terminais e nem estes são modernizados. Aliás, a modernização dos portos é tema antiquíssimo, mas sempre esbarra nos interesses das verdadeiras máfias e dos políticos que controlam o setor. Esses nefastos entes são imobilistas e, por interesses inconfessáveis, contrários aos processos de automatização, pois podem redundar na redução da mão-de-obra e no consequente enfraquecimento do curral político-eleitoral. E os governos, coniventes, nada fazem para avançar com o processo.

As ferrovias, desgraçadamente sugadas e sucateadas por décadas, também poderiam ser acionadas, assim como a hidrovia, que até agora só serviu como bandeira política de sucessivos governantes. É preciso ação, e honestidade. O Brasil não pode se dar ao luxo de investir em sofisticada infraestrutura tecnológica, de efetiva competência, e acabar morrendo na praia por não ter como transportar ao destino aquilo que produz. Já passou da hora desses centros de excelência, o empresariado e o governo “conversarem” de forma a produzir previsões e prover investimentos para evitar o desperdício de alimentos ao mesmo tempo em que – apesar da propaganda oficial que fala em solução – ainda existem brasileiros passando fome...


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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