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Opinião
04/04/2013 - 11h00
Os nomes das vias públicas
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

Os vereadores paulistanos ocupam-se, atualmente, de dois projetos onde propõem a crucial mudança na denominação de dois importantes logradouros públicos que (pelo menos na opinião dos autores) atenderão aos prementes interesses da sociedade. Um pretende mudar o nome do Viaduto do Chá, de 1892, para “Mario Covas”; o outro quer que o “Minhocão”, inaugurado em 1970, deixe de chamar-se “Elevado Costa e Silva”. A pretendida bajulação ao respeitado ex-governador, por ocasião do 12º aniversário de sua morte, pegou tão mal, que chegou a constranger a família do homenageado. Seu filho e também vereador, Mario Covas Neto, foi categórico ao dizer que o pai não aprovaria a mudança do nome do tradicional viaduto. Já no “Minhocão”, busca-se apagar o nome do presidente militar que editou o AI-5, cassou mandatos de políticos e promoveu a repressão. A idéia nem chega a ser original. Poucos anos atrás, um suplente de deputado estadual pretendeu mudar o nome da rodovia Castello Branco, dizendo-se constrangido ao ter de trafegar pela estrada cujo portfólio homenageia o primeiro presidente da ditadura.

A atribuição do nome de personalidades a vias, logradouros e obras públicas é uma discutida homenagem. Acaba desaguando na bajulação, oportunismo político-eleitoral e até na imposição ao povo de nomes que as pessoas jamais conheceram em vida ou apenas viram de longe em razão das diferenças sociais. Melhor seria que cada lugar tivesse um nome próprio, e pronto! Mas já que o personalismo é tradição, também não há porque mudar. Cada nome pode representar e, na sua atribuição, foi aprovado. Não será apagando os nomes de governantes, personalidades ou até de figuras discutivelmente homenageadas, que se vai mudar o curso da história. Os verdadeiros democratas, que efetivamente queiram evitar os males das ditaduras e da falta de liberdade, não o conseguirão pela simples ignorância do passado. Pelo contrário, deveriam ter bem claros os motivos das rupturas de ontem, para evitar a sua repetição no presente e no futuro. Se a mudança de nomes for uma constante e ocorrer ao sabor das alternâncias de regime ou orientação político-ideológica, nomes hoje incensados, como Tancredo Neves, Juscelino Kubitschek, o próprio Mário Covas entre outros, poderão estar com os dias contados. Nem Getúlio Vargas, D. Pedro II, Princesa Isabel e Pedro Álvares Cabral estariam livres da degola.

Os senhores vereadores – de São Paulo e de todo o Brasil – ainda precisam levar em consideração que a mudança de nome numa via pública causa alterações cartoriais aos imóveis e despesas aos seus proprietários. O melhor é deixarem de legislar no escorregadio terreno das homenagens, dedicando seus mandatos aos verdadeiros interesses da comunidade. Vejam a conservação das vias e próprios públicos, fiscalizem o funcionamento das repartições, votem conscientemente os projetos de interesse do povo e, com isso, façam jus aos polpudos subsídios e vantagens que a função lhes proporciona.


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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