A PEC (Proposta de Emenda à Constituição) das Domésticas, aprovada no Congresso Nacional, nos faz refletir sobre como a legislação determina nosso futuro, até quando o assunto é a carreira profissional. Afinal, nada é mais justo que um trabalhador ser tratado de forma igual aos demais. Mas cada alteração na lei gera um custo, e o profissional deve estar consciente dele, pois sairá de seu bolso. Quando você planejou sua carreira, levou em conta o padrão de vida que desejava ter? E, nesse padrão de vida, você considerou o valor dos empregados que precisaria para apoiá-lo? Afinal, se você pretende ter uma boa casa e filhos, precisa colocar no seu padrão de vida os custos desses empregados. E o governo acabou de torná-los maiores para você. Além disso, lembre-se, as mulheres entraram no mercado de trabalho, mas nem todos os homens entraram nas casas. Alguns acham que a troca do papel higiênico no banheiro é um dispositivo automático. Portanto, se o casal não possui renda suficiente para arcar com uma empregada doméstica, é importante saber se a carreira escolhida pelo cônjuge permite compartilhar as responsabilidades do lar: de ir ao supermercado a colocar o lixo na rua. Passando pela limpeza e manutenção de tudo que está dentro de casa. Para que tudo isso seja feito, é preciso ter um tempo disponível. Seu planejamento profissional permite isso? O mundo e as pessoas estariam em melhores condições, se fossem alfabetizados financeiramente. As leis são os fatores que mais interferem na capacidade da pessoa de gerar renda para si e acumular riqueza. Portanto, não apenas ao planejar sua carreira, mas ao desenvolvê-la, o profissional deve ter um profundo interesse por toda legislação que o afete. O governo é uma entidade voraz, que tem uma forma muito inteligente de gerar receita para si por meio dos empregados: chama tributos de “direitos do trabalhador” e os pega para si mesmo. Adotando a PEC das Domésticas como exemplo, vamos considerar que as empregadas ganhem salário mensal de R$ 678,00 e que sejam 7 milhões em todo o Brasil. Logo, o governo irá arrecadar R$ 379,5 milhões por mês só em FGTS (o recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de serviço é de 8% sobre o salário), um total de R$ 4,5 bilhões ao ano. Esse dinheiro sairá do bolso do empregador e irá direto para o governo, embora os empregados acreditem que seja deles. Se fosse, de fato, jamais deixariam no FGTS, pois é remunerado muito abaixo de qualquer aplicação financeira. Como mencionei, as pessoas estariam em melhores condições, se fossem educadas financeiramente. A única forma de você conhecer as leis é ter interesse pela política. O Brasil é o pior país do mundo em termos de legislação tributária, porque não consegue mantê-la estável por mais de duas horas. Somente nas últimas semanas, além da legislação das empregadas, o governo decidiu manter a redução do IPI para carros até o final do ano, criou a Secretaria da Micro e Pequena Empresa, (tradução: gerou custos), aprovou a estabilidade de mulheres que engravidem durante o período de aviso-prévio, isentou quem mora próximo a pedágios de pagá-los e deu prazos maiores para os cafeicultores pagarem suas dívidas. Essas ações podem ser legais e justas, mas criam um ambiente econômico que impossibilita os investidores de calcular o retorno de seus investimentos. E sua carreira depende de empreendedores que tenham interesse em investir no longo prazo no Brasil. Mesmo que você decida tornar-se um funcionário público, precisará que as empresas paguem tributos para ter renda. Portanto, interessar-se pela política é muito mais que saber quem é presidente de qual comissão no Congresso, mas conhecer em detalhes como cada lei afeta sua carreira. Afinal, é ela quem deverá gerar não apenas sua renda, mas também sua felicidade. E pessoas maduras se responsabilizam por ambas, e não as deixam nas mãos do governo. Vamos em frente! Nota do Editor: Autor do livro Conversa de Elevador – Uma Fórmula de Sucesso para sua Carreira, Sílvio Celestino é sócio-fundador da Alliance Coaching (www.alliancecoaching.com.br).
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