A população acima de 60 anos mais que dobrou nas duas últimas décadas no Brasil, passando de sete milhões para 14,5 milhões de pessoas. Efeito da longevidade: a expectativa de vida era de 62 anos nos anos 80, passou a 70 anos em 2000 e, no ano passado, avançou para 74 anos. Até 2030, o Brasil terá 40 milhões de idosos. Convenhamos, é um time de respeito pela experiência acumulada, pela longa jornada esculpida e polida pelas arestas da vida. Embora aposentados, a maioria nem pensa em se sentar num banco de praça enfileirando dominó ou ficar na frente do computador clicando cartas de paciência. O que eles querem mesmo é trabalhar, emprestar sua experiência a empresas dispostas a dar um sentido às suas qualificações. E têm encontrado mais espaço do que nunca no mercado de trabalho, graças à onipresente escassez de mão de obra. Pesquisa recente da Vagas Tecnologia mostra que 47% dos aposentados continuam trabalhando. E 36% dos que não estão já receberam alguma proposta para retornar ao mercado. Afinal, eles são a alternativa encontrada pelas empresas para unir elementos complementares e cruciais para o sucesso: experiência profissional adquirida em anos de dedicação à necessidade do mercado por qualificação, um déficit causado por falhas na educação de base. Outra pesquisa, feita pela 4Hunter Consultoria, comprovou que a maioria dos profissionais seniores está insatisfeita com o emprego atual. E não é por salário, reconhecimento ou promoção: o que provoca a infelicidade nesse público mais maduro é o clima organizacional, ou seja, falta de espaço para trabalhar e empregar sua experiência para fazer a diferença nas organizações. Os insatisfeitos somam 60% dos profissionais pesquisados com mais de 50 anos. A 6ª Pesquisa Setorial Sindeprestem/Asserttem dá conta de que mais de 350 mil idosos estão empregados formalmente entre terceirizados e temporários - 15% da força de trabalho do setor -, número que tende a aumentar em virtude da escassez de mão de obra qualificada. Este panorama do mercado de trabalho no Brasil comprova a relevante missão social da prestação de serviços terceirizáveis e do trabalho temporário para com o emprego formal. Ora atuando como facilitadores do primeiro emprego, ora recrutando aposentados para funções determinantes no mercado, permitindo ganho de renda extra. A elevada carga tributária a qual somos submetidos, assim como ocorre em todos os setores da economia, sufoca milhares de empresas que representamos. Lutamos para que as autoridades reconheçam nossa contribuição para o País e para a sociedade. O setor merece, portanto, tratamento prioritário das autoridades econômicas brasileiras nas políticas de incentivo ao crescimento dos negócios, com uma carga tributária justa, que favoreça o seu desenvolvimento. No Brasil, apenas nas áreas representadas pelo Trabalho Temporário e a Terceirização, são 35 mil empresas, que pagam salários e benefícios a 2,3 milhões de trabalhadores. No total, os Serviços empregam quase 55% dos cerca de 46 milhões de brasileiros com carteira assinada, tendo se transformado na principal força motriz da atividade econômica, produzindo 70% do Produto Interno Bruto (PIB). O governo precisa incluí-las no programa de desoneração da folha de pagamentos, além de rever a cumulatividade da PIS/Cofins. É a contrapartida necessária e urgente para que as empresas tenham condições de aumentar a produtividade e a competitividade, o que culminará em maior geração de emprego e verba para investimento em qualificação de mão de obra, o grande gargalo do mercado de trabalho nos dias de hoje. Nota do Editor: Vander Morales é presidente do Sindeprestem (Sindicato das Empresas de Prestação de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário no Estado de São Paulo) e da Fenaserhtt (Federação Nacional dos Sindicatos de Empresas de Recursos Humanos, Trabalho Temporário e Terceirizado).
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