A volta às aulas é sinônimo de dor de cabeça para muitos pais. Filhos bagunceiros, desatentos ou com notas baixas preocupam e acabam com a paciência. O que muitos adultos não percebem, entretanto, é que, na maioria das vezes, a criança não apresenta tal comportamento à toa.

Problemas de audição e visão são mais comuns do que se imagina e podem ter as mais diversas causas. O otorrinolaringologista pediátrico do Hospital VITA Curitiba, Rodrigo Pereira, alerta que os pais e professores devem ficar atentos aos hábitos da criança: "Na escola, o aluno demonstra falta de atenção, alteração no desempenho e até mesmo distúrbios de linguagem. Em casa, distração, desatenção, demora para responder a um chamado, inclusive, a proximidade ou o volume da TV podem apontar se ele está sofrendo com alguma deficiência auditiva".

A televisão, nesse caso, é uma boa aliada para os pais. Sentar muito próximo a ela pode ser sinal, também, de problemas na visão. Segundo a oftalmologista Margeri Ballin, "uma criança dispersa na escola ou que demore além do tempo razoável para realizar as tarefas, pode apresentar desvios ou erros de refração que só serão diagnosticados através de um exame oftalmológico. Uma criança que apresente dificuldade em manter os olhos abertos na claridade do sol, às vezes "fechando" um deles, ou que reclame que dói a cabeça ou os olhos também pode ter pequenos vícios de refração".

Para ambos os médicos, a melhor solução é a prevenção. "Todas as crianças devem ser examinadas por um oftalmologista antes dos três anos de idade, ao entrar na pré-escola e na fase da alfabetização. Se houver história de uso de óculos pelos pais ou avós desde jovens a criança deverá ser examinada após um ano de idade", considera a Drª Margeri.

Um grande obstáculo, principalmente em relação às questões de visão, é a vergonha de usar óculos. "Dependendo da idade da criança, do que ela apresenta e do perfil psicológico, é interessante que ela utilize uma lente ortoceratológica (lente usada à noite que diminui o grau de miopia ou astigmatismo)".

Depois de diagnosticado, o problema, tanto de visão quanto de audição, pode ser resolvido, melhorando a vida da criança e sua relação com a escola e a família.