Venho aqui fazer um manifesto. O meu manifesto. Manifesto de quem ama o drible, as fintas, o bom futebol. Manifesto de quem é brasileiro de verdade. Vou falar até a garganta travar e o rosto ficar vermelho. Quero que entendam que a pouca magia que ainda estava nos cercando chegou ao fim. Quero falar-lhes que, hoje, a alegria morreu. Neymar é filho de jogador de futebol. Nasceu no esporte, com a bola nos pés, cercado de todas as condições do mundo para ser o maior ídolo do Brasil (sem saber que seria, um dia - mas isso fica para depois). Eu vi Neymar crescer. Melhor dizendo, eu cresci com Neymar e nada me deixa mais feliz. Era 2006. O jogo era Amigos do Robinho X Amigos do Carlos Alberto. Nos últimos minutos da partida, o menino prodígio (então com 14 anos) entra no time do CA, "emprestado" por Robinho. Ele quem decide, ele quem encanta. Ele quem marca o gol da vitória: 5 a 4. Olhei para a tela da televisão e pensei: Será? E foi. Na copa de juniores começou sua jornada. Subiu ao Santos e consagrou-se titular. Cresceu, amadureceu, ficou no Brasil que começava a aceitá-lo como craque. Passou de promessa a concretização, de jogador a ídolo, de cidadão a herói. Neymar vestiu Santos dia e noite. Valorizou o país, atraiu os olhos de Deus e do mundo para seus pés majestosos. Abriu a boca dos mais incrédulos, de norte a sul. Depois surgiram os obtusos. Fizeram a sua cruz, disseram que "ainda tinha que amadurecer". Vaiaram-no quando era ele quem nos dava o privilégio do bom futebol. Injustos, na definição mais precisa. Mas a estes não damos o prazer de um parágrafo longo - não merecem. Eu me tornei fã. Mais que fã, diria. "Tem tanto a nos dar e ao mesmo tempo tanto para nos inspirarmos!". Olhava Neymar como um pai olha o filho e, ao mesmo tempo, como um filho olha o pai. Tornou-se meu ídolo, meu herói, o mito das quadras e dos gramados. Neymar para mim é mais que palavras, mais que sentimentos. Neymar é a alegria do Brasil, é a felicidade do futebol. É quem um dia parará guerras, quem um dia será o maior do mundo. Potencial e resultado. Esperança de uma jogada de efeito cinematográfica, como quando passou pelo meio do Atlético, pelo lado do Flamengo e pelos tantos do Internacional. Entendam que isso não é papo de fanático não. Me entristeci pelo Lucas, do São Paulo, pelo Thiago Silva, do Fluminense. Sou daqueles que acreditam que o futebol brasileiro seria o melhor do mundo se dele muitos não saíssem. Mas com Neymar foi diferente: Morri um pouco com a sua saída. Neymar apertou milhões de corações dia 24. O meu, então, nem se fala. Perdi meu bem maior. Perdi a alegria, a esperança. Sou e serei Santista até a eternidade, que isso fique bem claro, mas hoje torço com um sorriso do avesso. Antes que me ignorem, por demais me prolongar, e antes que me excluam, por assim me estender, peço que me entendam. O Barça não sabe o quanto vai ganhar. E nós não sabemos o quanto vamos perder. O mundo é seu, Neymar. Vá conquistá-lo, por favor, e traga-o para nós algum dia. Um abraço. Nota do Editor: Lorenzo Lecci Capelli, 17 anos, aluno de Educação Física e Esporte na USP.
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