Crianças... contam os mais velhos possui uma memória prodigiosa, pois bem, de tanto ouvir este “nhemnhemnhem”, acabei acreditando. Lembro de um fato pra lá de delicioso da minha infância, e isto, aconteceu a um quarteirão da minha casa. Minha tia Laura, mãe de meus seis primos, companheiros de brincadeiras, sempre teve uma saúde frágil, então, para ajudar na economia da casa, ela embrulhava balas e pirulitos. Toda noite minha mãe me emprestava para ajudá-la, duas horas de pura felicidade, adocicada. Após lavar as mãos e secá-las estávamos preparadas para embalar as gostosuras. Pacotes de balas e pirulitos eram enviados pela fábrica. Uau! Meus olhos lambiam todas aquelas doçuras. Cada sabor tinha uma cor de papel para embalar... vermelho para sabor morango, roxo para o uva... e assim por diante, ou, e assim por doçura. O melhor vinha por último, toda bala com leve defeito tinha uma vasilha para ser colocada, no final da noite, elas se tornavam o pagamento pelo nosso trabalho. Delícia... Dentistas felizes! Mas, o que mais chamava a nossa atenção eram os pirulitos de fenda... “De fenda?!” Sim, de fenda, amigo leitor, vou explicar... O pirulito tinha uma fenda na parte superior, a gente assoprava e ele assobiava. Loucura total... intervalo na escola o “assobiaço”, corria pelo espaço da escola e pela vizinhança... sossegue, não demorava muito, após muitas lambidas a fenda desaparecia... o apito ia junto, frustração do guloso, com sabor de quero mais. Tia Laura, também embrulhava pirulito do apito, lógico que, não podíamos apitar nele... nenhuma vez... melhor, nenhuma lambida. A recompensa se pode chamar assim, vinha no final com os pirulitos com leves defeitos... eles vinham sem fenda... frustração total... eles vinham sem o apito. Estes é que recebíamos como paga do trabalho... Pode!
|