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Opinião
04/06/2013 - 11h00
Crise ecológica e impasse econômico
Jean Gaspar
 

Ao longo dos últimos anos a questão ambiental ganhou destaque nos debates econômicos e geopolíticos. Mas, embora o tema seja fundamental para o incremento da vida humana, a agenda e as ações necessárias para evitar uma grande crise ecológica ainda não se impuseram. Nesta semana em que se comemora o Dia do Meio Ambiente, cabe refletirmos sobre a questão conflituosa entre desenvolvimento e preservação do meio ambiente.

No atual contexto de desenvolvimento econômico, grande parte da culpa em relação à degradação ambiental pode ser atribuída à lógica imposta pelo sistema capitalista, que estimula o consumo desenfreado e a substituição de produtos. O crescimento econômico induz à ampliação dos impactos ecológicos, pois há uma expansão descontrolada dos fluxos energéticos e de materiais e acúmulo de resíduos tóxicos. Apesar dos altos níveis de produtividade da agricultura contemporânea, ainda persiste uma baixa eficiência energética, grande erosão genética e das áreas de cultivo e contaminação do solo e da água. Os elementos tóxicos gerados pelo processo de fabricação de produtos estão por toda parte: no ar, na terra, na água, nos alimentos, nos carros, em nossas casas.

Os sintomas e efeitos perturbadores sobre a saúde humana aumentam a cada dia e o quadro se agrava ainda mais com a ascensão econômica da Índia e da China, que juntas representam mais de um terço da população mundial.

Pesquisa feita pelo Instituto de Estudo Econômicos e Internacionais (IEEI), da Unicamp, investigou essas tensões estruturais e publicou seus resultados no livro Meio ambiente e crescimento econômico, organizado pelo coordenador do instituto, Gilberto Dupas, falecido em 2009.

Na obra, visões positivas e negativas são contrastadas. De um lado, os otimistas acreditam que a busca pelo lucro inclui o interesse público e, portanto, o capitalismo encontrará maneiras de se regular. Já os pessimistas são céticos em relação a uma mudança no modelo de desenvolvimento econômico baseado nas leis do mercado que privilegiam o lucro a qualquer custo, acarretando uma degradação ambiental inexorável. A natureza, portanto, se converteu num problema ético. A degradação pela ação humana nos obriga a rever a nossa ética de responsabilidade.

O que fica evidente é a necessidade de uma mudança de postura. Novos caminhos devem ser trilhados para enfrentar o imenso desafio de retomar o controle da direção dos vetores tecnológicos e administrar os efeitos corrosivos de nosso sistema de produção sobre a saúde e o bem-estar da sociedade.

Nesse sentido, cabe-nos como cidadãos preservarmos a natureza nas simples ações diárias, como descartar o lixo apenas em locais adequados e reciclar tudo o que for possível, reaproveitar materiais, economizar água e energia.

Por outro lado, não bastam ações isoladas. Cabe-nos também cobrar dos legisladores que criem leis mais rigorosas para proteger a riqueza de nossa natureza e, aos governantes, que fiscalizem o seu cumprimento. Dentre as pautas fundamentais, destacam-se a exploração controlada dos recursos vegetais de florestas e matas, garantindo o replantio sempre que necessário; a preservação total de áreas verdes não destinadas à exploração econômica; o incentivo à produção e consumo de alimentos orgânicos, pois não agridem a natureza além de serem benéficos à saúde dos seres humanos; a exploração dos recursos minerais (petróleo, carvão, minérios) de forma controlada, racionalizada e com planejamento; o incentivo ao uso de fontes de energia limpas e renováveis (eólica, geotérmica e hidráulica) para diminuir o consumo de combustíveis fósseis, que causam poluição; o desenvolvimento da gestão sustentável nas empresas para diminuir o desperdício de matéria-prima e desenvolvimento de produtos com baixo consumo de energia; a adoção de medidas que visem a não poluição dos recursos hídricos, assim como a despoluição daqueles que se encontram poluídos ou contaminados.

É preciso atentar para que posturas radicais não estagnem o desenvolvimento econômico, nem que interesses privados se suplantem ao interesse público. Precisamos, juntos, buscar alternativas sustentáveis, que permitam o crescimento e garantam qualidade de vida na Terra às gerações futuras. Ao invés de impasse, podemos buscar caminhos para uma economia ecológica, em consonância com o objetivo maior de garantir condições para o desenvolvimento humano.

Precisamos nos impor, como tarefa emergencial e premente, a busca da harmonia, para que possamos preparar as novas gerações, por meio de políticas educacionais consistentes, para construir um mundo em que todos tenham uma vida plena e possam desenvolver inteiramente seu potencial como seres humanos.


Nota do Editor: Jean Gaspar, mestre em Filosofia pela PUC/SP, é apresentador do programa Filosofia no Cotidiano (TV Cantareira) e presidente da Liga do Desporto, entidade que promove atividades físicas e desportivas como instrumento de educação e formação da cidadania.

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